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Marcas usam ?famosos? para faturar com humor

Personalidades do humor nacional na internet revertem números em parcerias publicitárias, mas veem limite

Por Bruno Capelas
Atualização:

Personalidades do humor nacional na internet revertem números em parcerias publicitárias, mas veem limite

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SÃO PAULO – Ao chegar num restaurante da rede de fast-food Spoleto, uma jovem começa a fazer seu pedido. Entretanto, um atendente apressado e nervoso atrapalha a refeição da garota, chegando a atacá-la com alimentos e fazendo-a chorar. O vídeo cômico publicado pelo Porta dos Fundos ironizava o atendimento da rede, que usou a piada a seu favor. No lugar de processos, a empresa pediu continuações do vídeo e passou a financiar o canal do grupo, que hoje ocupa não só o YouTube, como também os intervalos comerciais de boa parte da TV brasileira. Marcas como Fiat, Visa, Lacta, Samsung e o Guaraná Kuat já tiveram peças publicitárias com os integrantes do grupo que, até a parceria com a Spoleto, bancavam o canal com o próprio bolso.

 

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A proliferação é tanta que, nas redes sociais, é comum ver usuários reclamando da superexposição do grupo, algo que Gregório Duvivier não teme. “Quando há qualidade, não incomoda. Há muita gente que diz que a melhor publicidade brasileira hoje envolve o Porta”, diz o ator, que garante que o humor é quem paga suas contas. “Viver de graça é totalmente viável. Difícil mesmo é viver de poesia”, referindo-se ao livro Ligue aos pontos (Companhia das Letras, 2013), onde reúne alguns de seus poemas.

O caso do Porta pode ser o de maior sucesso, mas não é o único a unir humor e publicidade. Marcelo Cidral, do Como Eu Me Sinto Quando, hoje trabalha em uma agência de publicidade, mas conta que conseguia sobreviver com a renda ganha através dos publieditoriais que fazia em seu tumblr enquanto esteve desempregado. Cidral, no entanto, vê o sucesso da página com ceticismo. “Não sei qual é a data de validade do blog, por isso continuo trabalhando. Afinal, quem vai querer me contratar só porque eu fiz um site legal?”, comenta.

Jeferson Monteiro, que incorpora a Dilma Bolada nas redes, também vê seu personagem com os dias contados. “Depois de quatro anos, não sei mais onde eu posso chegar. Talvez não tenha mais onde ir. Ano que vem talvez possa ser a hora de pensar em outra coisa”, conta o publicitário, que ganhou uma bolsa de estudos de sua faculdade por ter criado a página.

Apesar de envolver a imagem da presidente, Monteiro diz não ter problemas para capitalizar com sua criação. “Tudo o que eu faço é muito bem pensado, não dá para simplesmente sair do mundo imaginário da Dilma Bolada”, explica. Para ele, as marcas brasileiras ainda estão aprendendo a usar a internet, priorizando números no lugar de qualidade. “Não é porque um blog tem muitas visitas que ele será o mais correto para uma ação publicitária”, avalia.

Do lado das empresas e das autoridades, é preciso ter coerência também para não invadir as conversas dos usuários. É o que acredita Guilherme Ribenboim, diretor do Twitter no Brasil. “O Twitter é como um bar. Ninguém chega no bar dando um ‘twist carpado’ e contando uma piada que não tem nada a ver na mesa. A marca também não pode ser intrusiva, ela tem de falar a linguagem do Twitter”, diz, citando o sucesso do personagem Pinguim, usado pela rede Ponto Frio no Twitter, que trata seus seguidores como “pinautas” e recomenda produtos vendidos nas lojas em meio a relatos da sua “vida pessoal”.

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