Internet.org tem rival ?amigo? da neutralidade

Empresa de Boston, Jana se torna popular em países como o Brasil dando acesso em troca de uso de apps aliados

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Por Murilo Roncolato
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O Facebook não está sozinho na tentativa de oferecer acesso gratuito à internet aliado a um modelo de negócio. A empresa Jana (“pessoas” em sânscrito), fundada em Boston em 2009, começa agora a chamar mais atenção graças a sua popularização em países como Índia, China e Brasil, o que já lhe rendeu mais de 25 milhões de usuários – quase o triplo dos 9 milhões de usuários do Internet.org. Sua missão (“conectar bilhões de pessoas”) é a mesma do concorrente. A forma – e a suposta conformidade com o princípio de neutralidade de rede – é que difere.

Seu funcionamento está baseado em um sistema de retribuição. A empresa oferece (através de um app chamado mCent) diversos aplicativos de parceiros para download. Ao baixar um app, o usuário ganha crédito (em forma de dados) em troca para ser gasto da maneira que quiser. A receita vem das empresas donas dos aplicativos, que pagam uma quantia proporcional ao dos usuários conquistados pelo app.

A startup, que já recebeu um acumulado de quase US$ 37 milhões em investimento, tem aproveitado as polêmicas em torno do Facebook para se promover. “Não estamos interessados em Facebook gratuito ou Wikipedia gratuito”, disse o diretor Nathan Eagle, à MIT Technology Review, em referência à versão Zero de ambos. “Mas na internet livre para todos. Por isso damos crédito para que usem em qualquer coisa.” Já são clientes da mCent empresas grandes como Twitter, Amazon, e a chinesa Tencent – interessadas em ganhar usuários pré-pagos desses novos mercados. Agora, a Jana quer aumentar seu leque com um serviço lançado neste mês chamado Jana Loyalty, que visa garantir a fidelidade de usuários a esses apps, dando mais crédito caso eles sejam continuamente usados.

Estudo conduzido pela consultoria McKinsey & Company, e bancado pela própria Jana, analisou a quantidade de horas de trabalho necessárias em diversos países para se pagar um plano de 500 MB de dados. O Brasil liderou o ranking (com 34,4 horas), à frente de México, Nigéria, África do Sul e Índia. A empresa quer atuar em países onde a internet é mais cara. “Estamos tentando tornar a internet livre, mas de um modo espontâneo”, disse.

Ao jornal indiano The Hindu, Eagle reforçou a ideia do Internet.org como um “jardim murado” e disse que se difere da iniciativa de Zuckerberg por não escolher como as pessoas vão usar o acesso à internet e que “apoia completamente a neutralidade de rede”.

“É verdade que nosso conteúdo no mCent é promovido por empresas que desejam elevar o uso de seus apps, mas os dados que a Jana dá em troca podem ser usados para qualquer coisa. “Enquanto outras iniciativas apresentam um jardim murado onde o gratuito é uma lasca de todo o conteúdo da web, a nossa se volta para um modelo aberto.”

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