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Indústria dos games aposta em velhos sucessos para promover nova geração

20ª edição da feira E3 mostra empresas arriscando pouco para conquistar jogadores para PlayStation, Xbox e Wii U

Por Redação Link
Atualização:
 

Murilo RoncolatoBruno Capelas 

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Na última semana, o mundo dos games mostrou mais uma vez porque é um dos setores mais rentáveis da indústria do entretenimento. Considerado o maior evento da área dos jogos eletrônicos, a Electronic Entertainment Expo (E3) chegou à sua vigésima edição, transformando a cidade de Los Angeles em palco para o anúncio de grandes lançamentos, prontos para ocupar os controles, telinhas e telonas dos jogadores nos próximos anos.

Se em 2013 a feira foi marcada pelo anúncio de uma nova geração de videogames, liderada por PlayStation 4 (Sony) e Xbox One (Microsoft), este ano foi a vez dos novos títulos que deverão atrair os jogadores para estes consoles. No geral, o que se viu foi uma aposta em nomes mais conhecidos dos fãs.

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Respire fundo: foram anunciadas sequências ou reinvenções de Zelda, Call of Duty, Pokemon, Sonic, Tomb Raider, FIFA, Assassin’s Creed, Star Wars, Mortal Kombat, Halo, Battlefield, Civilization, Metal Gear Solid, Doom…

Para o professor de Comunicação Digital da PUC-RS, André Pase, “apostar em franquias é uma marca da indústria, mas as empresas parecem se concentrar reforçar títulos conhecidos para incentivar a compra dos novos consoles”. Já Renato Degiovani, pioneiro desenvolvedor de games no País, vê a tática como previsível. “Se está dando certo, por que mudar? Inovar em um mercado milionário é arriscado.”

Apesar de lançada há quase um ano, a nova geração ainda não chegou a mercados importantes. A Microsoft anunciou que estreará a 26 novos países, incluindo Rússia, Israel, Índia e Japão – tradicionalmente, um país-chave na área de games –, em setembro deste ano. Já a Sony têm problemas para obter preços competitivos para o PlayStation 4 fora dos EUA. No Brasil, o PS4 chegou por R$ 4 mil — hoje pode ser encontrado no varejo nacional por R$ 3 mil — enquanto o rival Xbox One era vendido pela metade do valor.

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Juntas, as duas plataformas sofrem com a escassez de títulos, que, paradoxalmente, gera boas vendas. “A baixa oferta de títulos faz com que os novos jogos se tornem muito atraentes”, diz Nelson Hirano, gerente da NC Games – responsável pela distribuição de Assassin’s Creed por aqui. Segundo ele, jogos da nova geração já correspondem a um terço das vendas de software de sua empresa no País.

Reset Enquanto Sony e Microsoft lutam pelo domínio do mercado, a Nintendo tenta se reerguer tornando o Wii U atraente. Ícone da indústria durante décadas, a empresa amarga uma crise de confiança do mercado após três anos consecutivos de receita em queda. Apesar de inovações interessantes, como um controle com tela sensível ao toque que pode ser usado em jogos também sem a TV, o Wii U vende mal – foram 6 milhões desde 2012, contra 8 milhões do PS4, de 2013 – e não sustenta a empresa, que depende do seu sucesso. “O Wii U trouxe inovação com as duas telas, mas não pegou comercialmente porque faltaram jogos”, avalia Pase.

 

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Na E3, a Nintendo tentou fugir do “game over” apostando em nomes de sucesso garantido como Super Smash Bros (game de luta de todos os seus personagens), The Legend of Zelda e Star Fox. Para Pase, “a Nintendo resolveu olhar para si mesma e tentar extrair ao máximo o suco do Wii U, investindo com carinho em jogos clássicos”, enquanto Degiovani lembra que, apesar do prejuízo, a casa do Mario ainda tem um capital gigantesco em termos de fãs e seguidores.

Indie Para suprir o vazio de jogos das novas plataformas, Nintendo, Microsoft e Sony também buscaram uma solução com desenvolvedoras independentes (ou indies), que produzem games originais e “soltos”. “Os indies não têm a pressão da indústria e podem arriscar, empenhados pela força de colocar uma ideia em prática”, comenta o professor da PUC-RS.

 

Para as grandes empresas, a prática é vantajosa economicamente. “Do ponto de vista dos riscos de investimento, é mais seguro licenciar sistemas e fazer parcerias com produtores ousados”, diz Degiovani. Enquanto a Nintendo exibiu um catálogo de mais de mil jogos indie em março, a Sony apostou em promessas audaciosas durante a E3, como No Man’s Sky, eleito um dos jogos mais inovadores da feira pela mídia especializada.

Já a Microsoft destacou mais de 30 games selecionados pelo seu programa ID@Xbox, entre eles o belo Ori and the Blind Forest. Segundo a empresa, hoje o Xbox One já conta com 250 desenvolvedores indie, número maior do que o Xbox 360 já teve desde seu lançamento, em 2005.

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