Inacrebelievable

Zé Graça, dono do 13º canal mais popular do YouTube no Brasil, fala ao 'Link' sob a condição de não revelar identidade

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Zé Graça, dono do 13º canal mais popular do YouTube no Brasil, fala ao ‘Link’ sob a condição de que sua identidade seja mantida em segredo

 

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O que começou em 2006 com uma vontade de fazer vídeos para comentar jogos de videogame virou um dos canais mais populares do YouTube – com mais de 37 milhões de visualizações. São centenas de filmes “míticos” que divertem os momentos “enfadonhos” da internet brasileira – dois dos bordões do Zé Graça, como é conhecido o personagem de voz esganiçada que narra vídeos do YouTube.

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A comunidade oficial do Orkut – bastante ativa – reúne mais de 89 mil participantes. O canal “zegraca3” é o décimo terceiro perfil do YouTube brasileiro com maior número de inscritos. São mais de 146 mil usuários que recebem um aviso a cada novo vídeo publicado.

E há muitos filmes. Desde que foi criado em março, o canal “zegraca3” fez o upload de mais de 330 vídeos. Mas o total já produzido é maior porque os outros dois canais anteriores (“zegraca” e “zegraca1”) abrigavam cerca de outros 300 vídeos e foram banidos do YouTube depois de violar os termos do site mais de uma vez, embora as filmagens originais continuem hospedadas sem a narração do Zé Graça.

Zé ninguém. O criador nunca quis sair do anonimato para manter parte da mística sobre o seu personagem de expressões marcantes, além de voz e risadas hilárias criadas por um efeito de edição de áudio. Agora, com planos de transformar o trabalho em algo menos caseiro e mais profissional, ele e sua equipe decidiram se expor um pouco mais.

Depois de troca de e-mails pelo endereço eletrônico disponível em seu site oficial, aceitaram se encontrar com o Link em um bar de São Paulo no mês passado. Mas só dariam a entrevista desde que a identidade não fosse revelada, ainda que pelo menos uma pessoa da equipe faça parte da comunidade oficial do Orkut usando um perfil pessoal com foto e nome reais.

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Tanto segredo já provocou boatos na rede de que os vídeos do Zé Graça são feitos por comediantes famosos, como Fábio Rabin (stand up e VJ), Marcos Chiesa (o Bola, do Pânico) e até Marcos Mion – que já fazia no passado narrações engraçadas de videoclipes na MTV.

Mas nenhum boato pegou tanto quanto o de que Zé Graça é Rafinha Bastos, depois que o canal publicou uma entrevista com o apresentador que já tem mais de 500 mil visualizações. Há vídeos no YouTube que chegam a reverter o efeito de áudio para descobrir a voz original do Zé Graça e compará-la à voz do comediante de stand up que também faz sucesso na internet.

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Rafinha disse ter se encontrado com Zé Graça pessoalmente duas vezes depois de se interessar em ajudar o verdadeiro dono do canal a recuperar a audiência quando a segunda conta foi banida do YouTube. “Mas pelo amor de Deus, eu não sou o Rafinha Bastos”, disse Zé Graça, que, claramente, não tem qualquer semelhança física, nem de voz, com o apresentador do CQC.

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“Ninguém quer acreditar que eu não sou um cara famoso”, disse, apesar da fama conquistada na web com vídeos como “Mario na fase do cogumelo do sol tunado” (origem do bordão “mostarda, ketchup, maionese” ao fim dos vídeos), “Trenzinho carreta bizarro”, “Fuga alucinada”, “Imitações enfadonhas” e dezenas de outros vídeos com centenas de milhares de visualizações.

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Nos comentários das filmagens e nas mensagens trocadas no fórum da comunidade do Orkut, é possível perceber a influência de Zé Graça sobre seus fãs, que têm o apelido de Zé Graças Masters, para homens, e Zégracetes, para mulheres.

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‘Quiéisso’. Os fãs retribuem chamando Zé de “guru do Himalaia” – um de seus apelidos. Gostam de contar que deram risada e reproduzem as expressões engraçadas e sempre gritadas, como “inacrebelievable”, “mííííítico”, “tunaado”, “bisonho”, “quiiié isso, jovem?!”, além de outras ainda mais elaboradas como “jóquei de jiboia”, “backfilp mortal maldito”, “infinitazarrézimo”, “triplo carpado twist”.

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São tantas palavras há até o dicionário ‘zé graçal’ em seu site, que explica o significado delas. Segundo o criador – uma pessoa específica da equipe (ele pediu para não dizer em quantos são) –, as expressões vêm das reações na hora de jogar games com amigos e são usadas nos vídeos.

O primeiro, “Os 10 piores jogos de luta de todos os tempos” publicado em 2008, já tinha o formato. “Aí, Luke Skywalker com seu sabre pipa-do-vovô-não-sobe-mais” é uma das frases do vídeo, que foi removido por violar direitos autorais. “Hoje, ele está na conta de outra pessoa, não na minha, porque senão eu tomo penalidade”, explica.

E penalidade demais significa risco de perder a conta, como as outras duas que foram apagadas. “Hoje, a gente recebe a primeira penalidade e já arranca”, diz. Zé Graça conta que entrou em contato com o Google por e-mail e até foi ao escritório da empresa responsável pelo YouTube, mas não conseguiu recuperar os vídeos perdidos.

“O que a gente não entende é que o Ray William Johnson, que é o cara mais famoso do YouTube, com maior número de inscritos, é parceiro do YouTube. Ele faz exatamente o que o Zé Graça faz. Comentar vídeos virais e famosos”, pelézou, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa.

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Os anúncios veiculados nos vídeos “só servem para pagar a conta da banda larga do site”, disse. Por isso, Zé Graça vive agora o dilema comum a muitos outros quando ganham um nome notório na internet: como ganhar dinheiro com isso. E, ao mesmo tempo, manter o anonimato.

Apesar da característica amadora dos vídeos, ele diz ter vontade de depender menos da audiência do YouTube e transformar o site em um portal de comédia. “O site do Zé Graça faria muito sucesso se fosse tipo um Charges.com”, disse, se referindo ao site de animações de Maurício Ricardo.

—- Leia mais: • Link no papel – 03/10/2011

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