?Há uma demanda reprimida por games no Brasil?

Responsável pela BGS desde sua criação, em 2009, Marcelo Tavares fala ao Link sobre a edição de 2014 da feira, E3 e a nova geração de games

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Por Bruno Capelas
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Responsável pela BGS desde sua criação, em 2009, Marcelo Tavares fala ao Link sobre a edição de 2014 da feira, E3 e a nova geração de games, além de comentar o pavilhão indie, os números do mercado nacional e o início do torneio de eSports Brasil Gaming Cup.

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Qual é o destaque da Brasil Game Show (BGS) em 2014?Em 2013, tivemos uma feira voltada para a chegada dos novos consoles, PlayStation 4 e Xbox One. Em 2014, a BGS volta a ter foco nos jogos: praticamente todas as grandes empresas vão trazer novidades, com games que estão previstos apenas para 2015, como Mortal Kombat X e Battlefield: Hardline.

PlayStation 4 e Xbox One chegaram ao mercado brasileiro no final de 2013. O brasileiro já está comprando os novos games ou continua fiel à geração antiga?Todos têm o desejo de comprar os novos consoles, mas com o preço que eles chegam ao País, é natural que a migração demore a acontecer. Na geração passada, que está em seu ciclo final, vimos pessoas comprando consoles quando eles tinham saído há quatro, cinco anos. Quanto mais tempo tem a geração, maior é a base instalada. Mas, com a chegada de novos jogos, exclusivos para a nova geração, o gamer brasileiro tem um estímulo a mais para adquiri-los.

Uma das novidades da feira é o pavilhão ‘indie’, onde produtores brasileiros podem mostrar seus jogos. Como surgiu essa ideia?O Brasil é um grande consumidor de jogos, mas a maior parte dos conteúdos vem de fora. Sabemos que existem empresas pequenas no País, mas que desenvolvem jogos de qualidade. Queremos apoiar e destacar isso, mostrando para o nosso público que existe conteúdo bacana por aqui e que é possível sonhar em desenvolver jogos no Brasil. Além disso, a feira tem o papel de ser um cartão de visitas para as empresas estrangeiras, e para isso criamos um sistema de encontro entre os produtores brasileiros e executivos lá de fora. Para 2014, já temos mais de 500 reuniões marcadas.

Muita gente chama a Brasil Game Show de “E3 brasileira”. Como vê essa comparação?É uma comparação frequente por causa do tamanho que a BGS tem, mas os focos das feiras são diferentes. A E3 é muito voltada para negócios e imprensa, enquanto nós fazemos um evento democrático e quente, com foco no jogador. Temos brigado ano a ano com as empresas estrangeiras para trazer à BGS conteúdo cada vez melhor para o gamer.

De 2009 para cá, as empresas estão entendendo melhor o mercado brasileiro?Acredito que sim. Mesmo que o país não viva um bom momento, o mercado de games é um dos menos afetados. Por mais que os games não sejam baratos, eles são um tipo de diversão segura dentro de um país com problema de violência. O que percebo é que as empresas percebem o sucesso de quem está no Brasil, e quem não veio ainda pensa em vir para atender ao consumidor brasileiro. Na primeira edição, fiz sozinho, sem patrocínios. Já na segunda edição, tivemos a Konami, e fomos ficando maiores, inclusive com a participação de Sony e Microsoft. Em 2014, a procura pelo evento ficou 50% maior, o que mostra que o brasileiro continua faminto por novidades.

O que é a Brasil Gaming Cup?A Brasil Gaming Cup visa atender ao público fanático por eSports, com um torneio de Dota 2 com premiação de R$ 60 mil, a ser disputado em uma arena de 1,5 mil metros quadrados, com capacidade para 4 mil pessoas. Além disso, vai ser possível acompanhar todos esses jogos, da primeira rodada até ás finais, via streaming. Teremos transmissão via Twitch, com apresentação do Luciano Amaral, e teremos intercâmbio de times e jogadores brasileiros. É um padrão de estrutura que a gente quer oferecer, até o apoio logístico e a premiação.

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Mais uma vez, a Nintendo não está na BGS. Por quê?É difícil falar das empresas que não estão presentes no evento. Eu gostaria de verdade de ver a Nintendo bem, mas não depende da minha paixão e do meu interesse, por mais que a gente tente trazer a empresa carregada no colo. Tomara que ela consiga se reerguer da crise que está hoje, torço muito. Todo ano, nós entramos em contato com eles, mas na hora H o acordo não se concretiza.

Mesmo com cenário desfavorável, o Brasil registra números expressivos dentro da indústria de games. Isso pode acabar?Não. O brasileiro sempre foi apaixonado por games, e há uma demanda reprimida no setor. Além disso, com a migração para os novos consoles, teremos três ou quatro anos garantidos de crescimento acentuado. Mas dependemos das empresas: se quem está por aqui se mantiver forte, o mercado continuará a ter produtos, alimentando o consumo e a paixão do jogador.

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