PUBLICIDADE

Gambiarra no iPad

Enquanto a Apple não traz o iTunes ao Brasil, ver filmes no tablet exige pirataria ou jeitinho

Por Redação Link
Atualização:

Silvio Guedes Crespo

PUBLICIDADE

O iPad nem foi lançado no Brasil e já existe um jeitinho de driblar o que talvez seja a principal desvantagem que o produto teria por aqui – a escassez de conteúdo disponível.

Quer usar o seu tablet da Apple para assistir a um filme ou seriado de qualquer uma das grandes distribuidoras do mundo? Para quem não tem endereço no exterior (em um país em que exista o iTunes), só pirateando ou fazendo uma bela gambiarra. Disney, Fox, Paramount, Sony, Universal e Warner não têm previsão de vender obras audiovisuais no Brasil em formato compatível com iPad.

Enquanto nos Estados Unidos a empresa de Steve Jobs vende uma imensa gama de filmes, seriados de televisão e músicas em sua loja online, iTunes, no Brasil oferece apenas aplicativos, como ferramentas para produzir conteúdo, mas não o conteúdo em si – a exceção é a iBook Store, mas com opções limitadas no País.

Especialistas dizem que, nos EUA, é mais fácil negociar o licenciamento das obras. Lá, a empresa que vende pela internet negocia com uma única entidade, que representa grande parte dos titulares de direito autoral em determinado segmento, explica o advogado Rodrigo Salinas, do escritório Cesnik, Quintino & Salinas. No entanto, “aqui não existem essas sociedades. É preciso ter autorizações específicas de cada dono do direito, e o custo fica muito alto”, afirma o advogado Ronaldo Lemos, da Fundação Getulio Vargas.

Para reformular e digitalizar os programas do Novo Telecurso, por exemplo, a Fundação Roberto Marinho teve de negociar cerca de 3 mil direitos, o que custou R$ 2,6 milhões, 13% do orçamento total do projeto. “Se fosse um programa com fins lucrativos talvez esse investimento não compensasse”, diz Claudio Lins de Vasconcelos, gerente jurídico da fundação.

No setor musical, a situação parece mais adiantada. Em maio, foi criada a União Brasileira de Editoras Musicais (Ubem), que representa 90% do mercado musical brasileiro e está digitalizando as informações sobre as editoras associadas. “Se o iTunes quisesse começar amanhã, nós teríamos o maior prazer”, disse o presidente da entidade, Marcos Jucá. A ideia é que as lojas online negociem com uma única entidade o licenciamento de milhares de obras, agilizando o processo.

Publicidade

“Eles (a loja de conteúdo da Apple) um dia vão chegar ao Brasil, mas não sabemos quando”, afirmou ao Link um executivo de uma grande editora musical. Mas o diretor latino-americano de uma gravadora major disse que a Apple ganha dinheiro é com a venda dos aparelhos; o iTunes apenas ajuda a fornecer conteúdo para os clientes de iPod, iPhone e agora iPad. No Brasil, no entanto, a Apple ainda não precisou se dar a esse trabalho.

Empresas no vácuo do iTunes

Algumas empresas querem preencher o vácuo deixado pela ausência de uma loja de conteúdo da Apple no Brasil.

O portal Terra lançou em junho um aplicativo que dá acesso a 1,5 milhão de músicas em formato compatível com os aparelhos com carimbo da maçã. Já foram feitos 25 mil downloads do programa.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A rede iMusica não tem aplicativo, mas fechou acordo com gravadoras como EMI, Universal, Deckdisc e Biscoito Fino para oferecer arquivos de áudio sem DRM (sigla em inglês para Gerenciamento de Direitos Digitais, uma tecnologia que impede a cópia) através das lojas online Coolnex e Samsung Music Store. E espera fazer o mesmo com todo o catálogo das gravadoras com as quais trabalha e em todos os sites parceiros. Os arquivos sem DRM podem ser convertidos para formato compatível com iPhone, iPod e iPad.

A Gato Sabido, loja de e-books, quer lançar em 30 dias um aplicativo que permite ler livros pelo iPad e pelo iPhone. São 1.300 títulos em português e mais de 100 mil em inglês.

A Livraria Cultura também quer lançar neste semestre conteúdo em formato para iPad, se houver demanda. Hoje ela tem 1.000 títulos digitalizados em português e 120 mil importados, nenhum deles ainda compatível com o tablet da Apple.

Publicidade

Mais iPad

‘Playboy’ para a Apple, só sem nudez A revista Playboy americana concordou em lançar um aplicativo para iPad 100% seguro para menores, isso é, sem fotos que contenham qualquer nudez. A medida está sendo tomada para evitar ir contra as regras da AppStore, da Apple, que são rigidamente contra conteúdo impróprio. Quem concordar em, mesmo assim, comprar o app vai precisar se contentar com fotos comportadas – a única parte do corpo da coelhinha do mês a ser exibida, por exemplo, será o rosto.

Ruper Murdoch quer jornal no iPad O empresário Rupert Murdoch, da News Corp., empresa responsável pelo grupo Fox, disse que tem projetos para lançar um jornal nos EUA que funcione sob um esquema de assinatura pelo iPad. A empresa deve empregar dezenas de repórteres no novo veículo, mas ainda não há previsão para o lançamento.

Donos do tablet preferem ler nele Uma pesquisa feita no Reino Unido descobriu que os donos de iPad têm o aparelho como plataforma preferida para ler livros, jornais e revistas e jogar games. A empresa que conduziu a pesquisa, chamada Cooper Murphy Webb, entrevistou mais de mil proprietários de iPad de julho a agosto de 2010.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.