Transmissão de áudio via 4G é aposta das teles para o futuro

Com promessa de fazer chamadas ‘em HD’, voz sobre LTE é esperança da indústria para voz ‘reassumir protagonismo’

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Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

A entrada do WhatsApp no mercado de chamadas de voz se apoia em uma das maiores tendências do setor móvel, a de voz sobre LTE (VoLTE), que permitirá que celulares 4G façam chamadas com áudio em alta definição e sem latência, algo possível por expandir a frequência das chamadas dos tradicionais 300 hz-3,4 kHz para 50 Hz-7kHz.

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“No 4G não existe canal de voz”, explica Eduardo Tude, da Teleco. “Quem tem 4G, durante uma ligação o celular volta para o 3G. A voz sobre LTE simplifica a rede, melhora a qualidade da chamada para o usuário e é menos custosa para as operadoras.”

Atualmente, cerca de 20 operadoras suportam VoLTE no mundo, entre elas as americanas AT&T, Vodafone, Verizon e T-Mobile. No Brasil, as operadoras estão testando a novidade, sem previsão de quando pretendem implementá-la. A expectativa é de que no futuro chamadas de voz sobre LTE substituam as chamadas tradicionais.

Conforme explica Dario Dal Piaz, diretor de desenvolvimento de ecossistemas da Qualcomm, os dados gerados pelo VoLTE podem ser até quatro vezes maiores para as operadoras do que o VoIP, mas a otimização de rede que gera “compensa, porque você usa uma rede só para voz e dados em vez de duas”, diz. “O custo final, além da possibilidade de poder oferecer chamadas em HD, deve compensar.”

Para Piaz, da Qualcomm, a tendência é que a indústria no Brasil passe a investir cada vez mais em redes 4G, e não nas 3G, de olho nas possibilidades da nova tecnologia. Mas o processo deve dar trabalho e levará tempo. “A introdução do VoLTE vai ser lenta e gradual”, diz Tude. “Mas ela está ocorrendo. A voz vai se tornar um produto sobre os dados. Recentemente ouvi o diretor de uma grande operadora nacional dizer: ‘Nós somos uma operadora de dados, não somos uma operadora de voz’”.

Durante o evento LTE Latin America, realizado na última semana no Rio de Janeiro, o diretor de estratégia da Telefônica, Carlos Raimar, disparou que o WhatsApp “não é o fim da história”, tentando minimizar o fato de ter adotado o VoIP, posto que o Skype “está aí há dez anos” e não abalou a indústria de voz. Mas quando o assunto foi o possível futuro com voz sobre LTE, o executivo foi assertivo. “VoLTE não é opção, é destino. Ele vai mudar o cenário dos serviços de voz.”

De acordo com Roger Solé, diretor na TIM Brasil, a tecnologia VoLTE também permitirá modelos melhores de cobrança.

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“É claro que VoLTE consumirá dados, mas se isso vai ser visível para o cliente depende de como vamos tarifar. É como se fosse VoIP, mas como é oferecido pela operadora, a gente pode decidir o modelo, que pode ser como minutos de voz”, diz. “O VoLTE é a nossa oportunidade para a voz reassumir seu protagonismo.”

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