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Fogo no Barraco: 'estamos só começando'

Jornalistas e programadores se reúnem para criar uma visualização que mostra os dados de incêndios e a valorização imobiliária em SP

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Jornalistas e programadores se reúnem para criar uma visualização que mostra os dados de incêndios e a valorização imobiliária em SP

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SÃO PAULO – Foi a partir de uma planilha esquecida no Google Docs e alguns desconhecidos trabalhando por uma causa em comum que surgiu o Fogo no Barraco. O site, um exemplo de ‘jornalismo hacker’, combinou a pesquisa da jornalista Patrícia Cornils sobre os dados dos incêndios de São Paulo, a valorização imobiliária da cidade e jogou o resultado em um mapa do Google Maps. “Não fui eu quem fez. Fomos muitos nós”, diz Patrícia.

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Tudo começou em março, quando a jornalista resolveu levantar números sobre incêndios em favelas na cidade de São Paulo. “Queria entender uma porção de coisas: se estavam aumentando, onde eram mais frequentes, se havia relação entre as ocorrências e projetos urbanísticos da prefeitura. Pedi ajuda a uma amiga, mas nem eu nem ela conseguimos seguir o levantamento”, lembra ela, que participa ativamente da lista Transparência Hacker, que combina programadores, jornalistas, ativistas e designers para criar projetos que relacionem política e internet.

Na semana passada, após o incêndio da Favela do Piolho, ela se lembrou da planilha incompleta, que havia começado a tabular. Postou no Facebook e pediu ajuda. “Muita gente entrou. Não faço ideia de quantas pessoas”, diz. O programador Diego Rabatone organizou os dados por ano; outra pessoa completou com as informações da Defesa Civil. E, então um outro programador, Pedro Ivo Moraes – que Patrícia nem conhece pessoalmente – pegou os dados e cruzou com a valorização por metro quadrado. O código, aberto, foi postado no Github.

Patrícia começou a divulgar. O mapa mostra uma evolução do número de incêndios em favelas nos últimos anos. Em 2004, não houve nenhum incêndio. O número só aumentou até 2012. Ainda é cedo para especular sobre a relação entre os dados, mas há convergência. Em 2008, por exemplo, houve um incêndio na Água Branca no mesmo ponto em que começou, naquele ano, uma das maiores valorizações imobiliárias da cidade.

“Não conheço o Pedro Moraes. Mas adorei o que ele fez, principalmente por compartilhar o resultado e o código. Agora, outras pessoas querem ajudar, com mais dados. E vamos continuar organizando as informações, para ver o que podemos entender a partir delas. Então… é algo que começou, somente, mas em um processo muito bacana – aberto, horizontal, compartilhado”, diz Patrícia.

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Segundo ela, o trabalho está só começando. “Falta buscar dados da CPI dos Incêndios, das operações urbanas, dos projetos de parque lineares e mapear. Entender o que o mapa nos diz. Por exemplo, há lugares onde os incêndios são recorrentes (de cabeça me lembro do Jaguaré. Todo ano tem… por que?). Falta ir aos lugares e entender, se a dinâmica de valorização realmente tem relação com os acidentes”, diz.

O grupo deve se reunir amanhã para continuar o trabalho coletivamente. Saiba mais:

http://fogonobarraco.laboratorio.us/

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