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Esse restaurante é bom?

Kekanto, rede social criada por estudantes da USP, quer centralizar o boca-a-boca digital

Por Fernando Martines
Atualização:

Antes da internet, as recomendações de restaurantes eram feitas ou por críticos em jornais, revistas e na TV ou pelo boca-a-boca. Com o Google isso mudou: se você queria comer em um restaurante chinês, bastava digitar “restaurante chinês” no site e escolher entre os links oferecidos. Então as redes sociais mudaram tudo de novo. Para saber se algo é bom, basta perguntar a seus amigos ou seguidores. É nesse contexto que entra o Kekanto, rede social criada por dois estudantes da USP com o objetivo de ser uma central de indicações de serviços entre amigos.

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A rede social funciona como todas as outras: você cria um perfil, adiciona amigos e posta informações. A diferença é que todos estão ali para dar vereditos sobre serviços, de shows e restaurantes a floriculturas, pedreiros e encanadores. Ao fazer uma resenha, todos seus amigos a verão na lista de atualizações.As avaliações são formadas pela crítica em si, uma nota que vai de 0 a 5 estrelas e categorias como “Bom para:” e “Dicas” (que são respondidas com “sair com os amigos” e “chegar antes das 18h”). Você ainda pode fazer buscas por estabelecimentos ou por serviços.

Fernando Okumura, um dos criadores do site, conta que o maior alvo de resenhas são os restaurantes, mas que a ideia inicial surgiu focando em outra área: “O Kekanto surgiu após vermos uma grande dificuldade em achar bons serviços na construção civil. Tudo era feito pelo boca-a-boca, o que tinha um alcance pequeno. Conseguimos expandir isso criando o site”.

Primeira página da rede social

Segundo Okumura, que cursa direito na USP, o Kekanto já gera lucro com publicidade e tem 28 mil visitantes por dia e 2.000 perfis, mais do que na previsão “mais otimista”. O outro pai do projeto é Bruno Yoshimura, que já se formou em Ciências da Computação na Universidade de São Paulo.

Mais um perfil?

Mas as pessoas terão paciência parar criar e atualizar mais um perfil em mais uma rede social? Talvez prevendo que a resposta seja não, Okumura quer ser aliado e não concorrente de gigantes do mercado. “Quando você ‘curte’ um estabelecimento no Kekanto, isso também é visualizado em seu perfil do Facebook.

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Perfil de Fernando Okumura, criador do Kekanto

O surgimento do Kekanto reforça o debate sobre uma possível diminuição na importância da figura do crítico. Mas quando todos opinam sobre tudo, sem ter conhecimento sobre o tema, a qualidade das indicações não perde valor? Okumura acha que não e levanta alguns pontos para justificar sua opinião:

“Conflito de Interesses”

“Ao contrário do crítico profissional cujos interesses nem sempre são claros (não se sabe, por exemplo, se o crítico é beneficiado de qualquer forma pelo objeto da avaliação), a opinião do amigo é vista como imparcial”

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“Fatores de decisão”

“Em alguns casos a avaliação é muito subjetiva pois consumidores atribuem pesos diferentes a cada critério de avaliação. Por exemplo, algumas pessoas, no caso de um restaurante, prezam mais o ambiente e as pessoas que frequentam o local, outras prezam a comida mais do que tudo. Assim, o mesmo restaurante pode receber avaliações bem diferentes. Amigos tendem a ter valores similares (ou ao menos conhecem os valores de seus amigos para poder emitir uma opinião), e portanto a opinião do amigo é mais confiável. Para o consumidor médio, pedir a opinião de outro consumidor médio possa fazer mais sentido”.

“Tempo real”

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“Quando todos opinam, as opiniões são atualizadas com maior frequencia o que reflete a situacão em tempo real, evitando que o variações na qualidade do serviço passem desapercebidas. Afinal, o que é bom hoje pode não ser bom amanhã e vice-versa”.

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