Egípcios organizam protestos pelo Facebook

Manifestação inspirada na Tunísia está programa para esta terça-feira

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Por Agências
Atualização:

Manifestantes egípcios prometem marcam o feriado desta terça-feira no país com protestos contra a tão temida polícia. Usando o Twitter e o Facebook, cerca de 80 mil egípcios publicaram seu apoio aos protestos programados.

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Inspirados pela recente revolta popular na Tunísia, os organizadores batizaram os protestos planejados para ocorrer em Cairo e Alexandria como “o dia da revolução contra a tortura, a pobreza, a corrupção e o desemprego”.

As primeiras ramificações da revolta na Tunísia surgiram na semana passada no Egito, quanto diversas pessoas colocaram ou tentaram colocar fogo no próprio corpo em frente ao Parlamento e ao escritório do primeiro-ministro. As manifestações eram semelhantes a de um comerciante da Tunísia que ajudou a dar início aos protestos no país e culminaram com a fuga do autoritário presidente, Ben Ali, que estava no poder há 23 anos.

Quase metade dos 80 milhões habitantes do Egito vive abaixo ou pouco acima da linha de pobreza estimada pelas Nações Unidas, com US$ 2 por dia. A baixa qualidade da educação, do sistema de saúde e o alto desemprego tem desprovido os egípcios das necessidades mais básicas.

O governo tem minimizado as tentativas de protestos. O primeiro-ministro Ahmed Nazif disse a jornalistas nesta segunda-feira, 24, que aqueles que cometeram atos de violência contra si mesmos foram motivados por “razões pessoais”.

“As últimas tentativas de suicídio são incidentes individuais, relacionados a condições específicas daqueles que tentaram cometê-lo”, disse o primeiro-ministro, como citado pela agência de notícias estatal MENA.

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Somente nesta segunda, a polícia relatou pelo menos duas tentativas de autoviolência em duas províncias. Em Cairo, um homem por volta de 60 anos cortou os punhos no meio de uma pequena manifestação. Nenhum dos manifestantes morreu.

A página dos protestos de terça-feira no Facebook é como um convite para as pessoas participarem. O número total de pessoas que disseram que vão ou não participar ultrapassou 80 mil, de cada lado.

Alguns faziam piada, chamando o protesto de “Koshari revolution”, em referência a uma popular e barata refeição egípcia feita de arroz, lentilha e massa.

O medo da reação da polícia por parte das pessoas torna difícil prever o tamanho real dos protestos programados para terça. Leis emergenciais que vigoram desde 1981 tornaram ilegais as manifestações públicas no país e a polícia tem o costume de responder violentamente aos protestos.

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Os organizadores no Facebook desafiaram as pessoas a se posicionar, dizendo, “não somos menos do que a Tunísia”.

“Em 25 de janeiro, temos de mostrar ao mundo que não somos um povo covarde e submisso”, escreveram os organizadores no Facebook. Ahmed Maher, um dos fundadores de um movimento estudantil de oposição e um dos organizadores, disse esperar que o número de manifestantes seja maior do que o dos últimos protestos, reunindo centenas ou milhares de pessoas.

“Os jovens estão muito empolgados, e dessa vez vai acontecer muito mais do que em outras vezes”, disse Maher à agência Associated Press. Ele disse que os organizadores distribuíram 150 mil folhetos para promover os protestos no país.

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O chamada para os protestos começou na página “The Martyr” no Facebook, criada com o nome de um jovem egípcio, chamado Khaled Said, cuja família e testemunhas alegam ter sido espancado até a morte por policiais na cidade de Alexandria no ano passado. O caso foi um ponto decisivo para unir a oposição ao governo.

Testemunhas dizem que dois policiais à paisana arrastaram o jovem para fora de um café e espancaram-no na calçada. Dois policiais estão sendo julgados por participação na sua morte.

Partidos legais como o liberal Wafd e o Al-Ghad, além do ilegal Muslim Brotherhood (o mais organizado grupo de oposição), de trabalhadores, de estudantes, funcionários públicos e ativistas disseram que se juntarão aos manifestantes nesta terça.

Os organizadores listaram instruções no Facebook, incluindo levar uma bandeira do Egito e deixar em casa cartazes que representem posições religiosas ou políticas.

“Hoje é para todos os egípcios”, diz a página na rede social.

/ Maggie Michael (Associated Press)

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