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Economia compartilhada: ?Dividir implica mudança cultural?

Especialista fala sobre a chegada da economia colaborativa ao ramo imobiliário

Por Camilo Rocha
Atualização:

SÃO PAULO – A economia compartilhada vem ganhando espaço como uma das mais fortes tendências incentivadas pela popularização da tecnologia. A ideia de dividir ou usar temporariamente produtos e serviços em vez de possuí-los já ultrapassou o estágio da promessa e se concretiza no sucesso de startups como Airbnb e Uber, que estão entre os maiores êxitos do Vale do Silício nos últimos anos.

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Convidado pelo Google para falar em São Paulo sobre como essa tendência pode dialogar com o ramo imobiliário, o norte-americano Robert Wolcott, cofundador e diretor executivo da Kellogg Innovation Network, fórum sobre inovação para executivos, e professor de empreendedorismo e inovação na Kellogg School Management, diz que estamos passando por uma mudança de paradigma cultural. Ele conversou com o Link por telefone.

“As pessoas reconhecem cada vez mais que não precisam ter as coisas para usufruir delas. Pode-se ter acesso muito maior a produtos e serviços ao se juntar esforços”, avalia. Ele lembra que, embora compartilhar seja tão antigo quanto o próprio homem, é a tecnologia recente de computadores e smartphones que está por trás do recente impulso que essa tendência recebeu.

A Forbes estima que a economia colaborativa gera uma receita anual de US$ 3,5 bilhões para os usuários desses serviços, valor que deve crescer 25% ao ano.

Para Wolcott, o Uber é um grande exemplo das vantagens do novo modelo. “É muito melhor do que o modelo tradicional de pegar o telefone e ligar para um táxi. Existe um gerenciamento muito mais inteligente de oferta e demanda e em tempo real”, defende.

Sobre a polêmica que o app vem causando, Wolcott acredita que ela parte muito mais das empresas de carros de aluguel e táxis do que dos motoristas. “Converso muito com motoristas e eles gostam muito pois podem preencher lacunas e sempre têm clientes. Para as empresas de táxi e carros é um desastre, porque elas não têm a capacidade de pensar em um modelo com a mesma eficiência.”

Imóveis. Wolcott citou três exemplos que considera experimentos interessantes da economia compartilhada na área imobiliária. O primeiro é bem conhecido: o Airbnb. A empresa que permite que pessoas compartilharem suas acomodações é a segunda startup mais valiosa do mundo (vale US$ 10 bilhões), e principal inimiga das redes hoteleiras. Só no Rio de Janeiro, o Airbnb teria 40 mil leitos, o equivalente a cerca de 50% da capacidade hoteleira.

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Wolcox cita uma conversa que teve com o chefe de inovação do grupo hoteleiro Hyatt sobre o Airbnb. “Ele me disse que em qualquer dia ou hora, o Airbnb tem mais oferta de quartos que a sua empresa”, disse. “Pense agora que, há três ou quatro anos, o Airbnb praticamente não existia.”

O especialista também falou sobre os grupos de pessoas que se juntam para comprar coletivamente propriedades de férias e depois dividem entre si o tempo de uso. “Se você tem dinheiro, pode ter participação em três ou quatro casas em locais diferentes”. Segundo ele, esse tipo de movimento tem ocorrido nos Estados Unidos sem que uma empresa que tenha criado um produto relacionado.

Escritórios. O terceiro exemplo mencionado por Wolcott são os espaços de coworking, locais de trabalho coletivos que têm conquistado adeptos em várias cidades do mundo, incluindo São Paulo.

“Os espaços de coworking evoluíram muito e se tornaram lugares bem melhores para trabalhar que os ambientes tradicionais”, acredita Wolcott. “Eles acabam agregando talentos e capacidades diferentes e incentivando trocas muito ricas. Não é à toa que são tão usados por startups”.

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