Dilma quer evento de governança de internet no Rio

Ideia foi revelada em audiência com CEO do ICANN e aconteceria em abril do ano que vem

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Por Agências
Atualização:

Ideia foi revelada em audiência com CEO do ICANN e aconteceria em abril do ano que vem

BRASÍLIA – Durante audiência com o CEO da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN), Fadi Chehadé, a presidente Dilma Rousseff propôs a realização de uma reunião de cúpula de natureza global para discutir os marcos da internet, em abril do ano que vem, no Rio de Janeiro.

 

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Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que participou do encontro, essa reunião seria para discutir um projeto multilateral, com participação da indústria, de todos os atores que se envolvem na internet. Ele defendeu que esse organismo, que seria ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir o tema, teria de ter duas vertentes decisórias, uma política e uma técnica.

Fadi Chehadé reforçou a tese de Paulo Bernardo dizendo que esse órgão tem de ser não só de natureza multilateral, mas que precisa envolver todas as partes interessadas. ”Estamos pensando em como vai ser uma governança não apenas multilateral, mas com players que não são de governo, como a indústria, os usuários. Então, até aventamos a possibilidade de termos uma instância com duas ordens de definição, um grande organismo que tomasse decisões políticas, só que existem decisões que necessariamente será preservada para a área técnica”, declarou Paulo Bernardo.

O ministro explicou que não é possível pensar “que um organismo nos moldes de uma organização ligada à ONU vai discutir domínio, vai discutir onde vai por um servidor raiz, normas de internet, protocolo novo que está sendo implementado”. Por isso, emendou, são necessárias as instâncias políticas e técnicas.

“Se você levar isso para uma discussão de um órgão com caráter diplomático ou político isso vai empacar lá por seis anos até as pessoas entenderem do que está se tratando. Isso tem de ficar preservado para as decisões”, completou.

Na reunião, a presidente Dilma voltou a defender a neutralidade da internet. Segundo Paulo Bernardo, a presidente Dilma “acha que a internet tem de ser livre na circulação das ideias, não podemos permitir que interesses econômicos, políticos, religiosos interfiram na livre circulação de ideias”.

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O CEO da Internet Corporation, que revelou na entrevista que não tem Facebook, disse que “a presidente Dilma concordou com a proposta de realizarmos reunião de cúpula de natureza global, aqui no Brasil, para a qual convidaríamos líderes globais de diferentes partes, provenientes de todos os segmentos, para se reunirem e pensarem em como poderemos gerir e reger a internet conjuntamente no futuro baseado nos princípios hoje presentes do atual marco civil brasileiro”.

Fadi Chehadé falou ainda sobre a liderança exercida pela presidente Dilma Rousseff nesta questão da internet e a importância do seu discurso na ONU em prol da necessidade de regulamentação do setor. Fadi Chehadé comentou que isso fez com que ele viesse ao Brasil se reunir com ela. Ele lembrou que ”recentemente algumas revelações acerca de atividades realizadas na internet quebraram a confiança que muitos temos nesse meio de comunicação”.

E completou: “O mundo ouviu a presidenta brasileira, que se dirigiu por ocasião da Assembleia Geral das Nações Unidas e falou com profunda convicção, e com muita coragem, e externou a frustração que muitas pessoas em todo o mundo sentiram com o fato de que a confiança havia sido quebrada com relação à internet”.

O CEO pediu ainda à presidente Dilma que “elevasse a um novo nível, de modo a assegurar que todos possamos nos reunir em um novo modelo, todos os governos, todos os representantes do empresariado, da academia, todos iguais como gestores”.

/ Agência Estado

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