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Desligamento vai atrasar em pequenos municípios

Em fase inicial, processo de digitalização deve ser concluído até 2023 na maioria das cidades brasileiras

Por Thiago Sawada
Atualização:

Ed Ferreira/Estadão

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Enquanto nos grandes centros urbanos é difícil prever se a migração completa para a TV digital será alcançada no prazo, para as cidades menores as perspectivas são ainda mais incertas. O Ministério das Comunicações estabelece o encerramento da transmissão analógica em todo o País no final de 2018, mas para o Gired – grupo responsável por implantar a digitalização do sinal de TV no País –, a meta é pouco factível. Tanto que o grupo recomendou que o Ministério das Comunicações adiasse o prazo para migração em pequenas cidades para até 2023.

Nas estimativas da EAD, mil cidades devem passar pela digitalização dentro do prazo determinado pelo governo. Já para as 4,5 mil cidades restantes, a transição deve demorar, porque muitas não têm nem mesmo uma emissora ou retransmissora operando em sinal digital. Além disso, antes de decretar o fim do analógico, todas as emissoras precisariam funcionar no modelo digital – uma realidade distante mesmo em cidades de médio porte.

Em algumas dessas cidades, a prefeitura faz a transmissão de TV; em outros, associações de bairro, canais independentes ou mesmo igrejas. Em tese, estas entidades deveriam arcar com os custos de novos transmissores e antenas, mas a maioria não tem recursos. Além disso, o momento econômico não é favorável. Mesmo as grandes redes de televisão estão revendo investimentos, principalmente por conta da alta do dólar que encarece a compra de equipamentos, cuja maioria dos componentes é importada. “Os EUA desligaram o sinal analógico em 2009 e, até hoje, pequenas emissoras e associações de bairro ainda operam no analógico”, diz o presidente do Gired, Rodrigo Zerbone.

O adiamento para 2023 não atende apenas aos interesses de emissoras que terão até sete anos para investir na digitalização. A data foi projetada bem adiante para que não houvesse necessidade de distribuir conversores nestas localidades. “Mais cedo ou mais tarde, é quase que compulsória a mudança para o digital porque a vida útil dos equipamentos analógicos chega ao fim”, diz o presidente da Abert, Daniel Slaviero.

Internet móvel. Ao contrário das grandes cidades, o adiamento do fim do sinal analógico de TV não vai comprometer a ampliação da oferta de 4G. Nestas localidades, a faixa de frequência de 700 MHz já está desocupada, por isso as operadoras poderiam utilizá-la desde já. De acordo com o presidente Sociedade de Engenharia de Televisão (SET), Olímpio Franco, isso não deve acontecer. “As operadoras têm interesse nos grandes centros, pois têm retorno mais rápido do investimento. As primeiras cidades onde o sinal analógico será desligado estão entre os principais.”

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