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'Chegamos para ficar'; diz CEO da Deezer

Perto de completar um ano no Brasil, serviço de streaming de música revela ter 20% do mercado global

Por Bruno Capelas
Atualização:

Perto de completar um ano no Brasil, serviço de streaming de música revela ter 20% do mercado global na área e anuncia novidades

SÃO PAULO – O Deezer, serviço de streaming de música que chegou ao Brasil no mês de janeiro, revelou na quarta-feira, 6, que conquistou 5 milhões de assinantes em todo o mundo, em um acervo que conta com 30 milhões de músicas – a cada dia, 27 mil novas canções e 1,5 mil artistas são incorporados ao sistema. A empresa estima ainda ter cerca de 1,5 milhão de músicas brasileiras em sua biblioteca.

 
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O crescimento no número de assinantes é expressivo, uma vez que, no começo do ano, a companhia contava com apenas 2 milhões de usuários pagantes. Hoje, a Deezer está presente em 182 países, e seu serviço básico custa R$ 15 no País (embora atualmente esteja com uma promoção de 50%).

Em coletiva de imprensa realizada na manhã de quarta-feira em São Paulo, a empresa disse ter 20% do mercado global de streaming de música, que tem cerca de 25 milhões de assinantes em todo o mundo. Outro número impressionante é que 75% das execuções feitas pelo serviço foram realizadas através de dispositivos móveis. Em entrevista exclusiva ao Link, o CEO global da Deezer, Axel Dauchez, enfatizou o perfil da empresa: “Somos uma companhia que pensa nos serviços móveis”.

Além das estatísticas, a empresa anunciou duas novidades. A primeira responde pelo nome de “Deeztaques”, e pretende aprofundar a descoberta de novos artistas no sistema, unindo motores de aproximação (“se você gostou de A, pode ser que goste de B”), interações sociais entre amigos e recomendações editoriais, feitas pela equipe do Deezer espalhada pelo mundo. “Queremos dar dinheiro para a indústria e incentivar a criação. Só assim a música se manterá viva”, disse Dauchez.

A outra é o lançamento de um aplicativo para Macs, que faz o acervo do Deezer poder ser sincronizado à biblioteca do iTunes, satisfazendo, nas palavras do CEO da empresa, “os fãs de música que gostam de ter sua coleção organizada e querem utilizar um serviço de streaming”. A versão beta do aplicativo para Mac será lançada na semana que vem, enquanto uma mesma versão para PCs ainda não tem previsão de chegar ao mercado.

Axel Dauchez, CEO do Deezer, ainda conversou com o Link a respeito da posição da empresa no Brasil, o futuro da indústria de música, a rivalidade com o YouTube e a concorrência com outros serviços de streaming.

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O Deezer começou suas operações no começo de 2013 no Brasil. O quanto o País é importante para o serviço, e como o senhor vê esse momento até aqui?Antes de chegarmos ao Brasil, fizemos uma pesquisa na internet para saber o interesse das pessoas pela música em cada lugar, e o Brasil ocupou o topo da lista. Vocês se interessam demais por música, e isso torna o Brasil um país chave. O consumo de tecnologia dos brasileiros também é interessante: vocês gostam muito de testar coisas novas, de experimentar. Não vemos isso em todos os lugares do mundo.

A música digital equivale a 28,37% da indústria fonográfica no Brasil e, os serviços de streaming, a um quarto da música digital. Ainda há muito a se trabalhar, certo?Sim. Mas agora não há mais volta: nós [os serviços de streaming de música] chegamos para ficar, e só vamos crescer cada vez mais. Vamos nos tornar maiores que o serviço de venda de música digital em alguns anos, pode esperar.

Vocês são um serviço móvel, mas aqui no Brasil as redes de conexão de 3G e 4G não funcionam tão bem como na Europa. O que vocês têm a dizer sobre isso?Fizemos um novo produto, lançado e pensado especialmente para o Brasil, chamado SmartCache. Toda vez que você toca uma música no Deezer, ela é automaticamente armazenada no seu smartphone, de maneira que você pode ouvi-la offline. É o que nós podemos fazer, e é nessa direção que nós queremos ir.

O [serviço de streaming de filmes] Netflix é um caso de sucesso que inspira o Deezer?Acho que há uma grande diferença entre nós e eles. Na área dos filmes, há menos pirataria, e já existe um serviço de assinatura, que são as TVs pagas. Quando o Netflix inicia seus serviços em um país, o esforço de propaganda é direcionado a conquistar o usuário de uma dessas TVs pagas. Nós, por outro lado, estamos pedindo às pessoas que paguem por uma coisa pela qual elas nunca pagaram antes: música. Nosso processo de conquista de mercado vai ser mais demorado que o deles, mas, a longo prazo, temos uma solução melhor que a deles, porque nosso acervo é mais vasto. No Netflix, se você é fã de filmes de ação, você consegue esgotar o acervo do serviço em seis meses. No Deezer, a música é inesgotável.

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Os serviços de streaming de música têm recebido críticas de artistas por pagarem pouco pelas execuções. O que o senhor tem a dizer sobre isso?Pagamos mais aos artistas e às gravadoras do que qualquer outro canal de distribuição, e o gasto médio dos usuários é maior na nossa plataforma. No iTunes, um usuário médio gasta cerca de US$ 40 por ano, enquanto no Deezer ele gasta US$ 60 por ano. O bolo cresceu, e a fatia dele que vai para os artistas e as gravadoras é maior. Entretanto, ainda somos poucos: 25 milhões de pessoas assinam streaming no mundo. Quando nós crescermos, vamos ganhar mais e pagar mais aos artistas.

Muitos serviços de streaming estão chegando agora ao Brasil, como é o caso do Napster e do Spotify, previsto para breve. Como você vê a concorrência?Por enquanto, é muito bom ter concorrentes. Temos mais sucesso nos países onde temos competidores do que nos países onde não há nenhum outro serviço de streaming de música. Meus novos usuários nunca vêm de outros serviços: eles estão acostumados com iTunes, pirataria ou o YouTube.

Muita gente no Brasil usa o YouTube para ouvir música. Qual o diferencial do Deezer para esse público?O YouTube é a solução perfeita para quem é adolescente e gosta de ouvir música. Quando você atinge um ponto na vida em que você gosta de ouvir a sua música, o YouTube deixa de ser o ideal. Oferecemos um serviço que pode ser usado em qualquer lugar, compartilhado com os amigos, e permite ao usuário montar sua própria lista de reprodução, além de sermos um dispositivo dedicado à música, enquanto o YouTube gasta muita de sua banda com a imagem.

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Existem artistas importantes para a história da música, como os Beatles e o Led Zeppelin, que não estão presentes no acervo do Deezer. O que é preciso para que eles estejam no serviço?Tempo. Os Beatles demoraram oito anos para chegar ao iTunes, talvez eles demorem esse tempo todo para se convencer que nós somos um serviço interessante também. Da nossa parte, tentamos mostrar números e fazer as gravadoras entenderem que somos o futuro. Acredito que é uma questão de tempo, como muitas coisas no nosso mercado.

—-Leia mais: • ‘Eles não são donos da nossa música’A próxima músicaAs cartadas

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