Depoimento | Murilo Roncolato, repórter do Link
Ao navegar pela Deep Web, a sensação de estar anônimo é boa, mas as páginas áridas e o conteúdo agressivo assustam.
Adentrar a Deep Web não é difícil, apenas desconfortável. O que ajuda é o browser usado pelo Tor ser o Firefox, o que torna a coisa toda mais amigável. Fora isso, tudo será estranho ou, para quem usava internet nos idos dos anos 90, nostálgico. Mas, sobretudo, lento.
O principal requisito do aventureiro das profundezas da internet é ser paciente. E muito. Tamanha lentidão é a responsável pelas páginas toscas e sem imagens, já que quanto menos enfeite, mais rápido a página abre. O resultado disso são sites pouco agradáveis, dominados por texto sem formatação.
Para achar algo de seu interesse, é preciso vasculhar sites de diretórios que indicarão em qual endereço .onion (o .com de lá) poderá estar o que procura. Isso porque não há o site “silkroad.onion”, mas, sim, uma URL parecida com “pj3dneu0axxpn4ca63.onion”.
O diretório mais popular é o Hidden Wiki, onde os links são divididos por assunto. Lá, fala-se e comercializa-se pornografia infantil, drogas, armas, cartões de crédito e contas de PayPal roubadas e passaportes falsificados (foto), como se fossem água. Está tudo ali, para quem quiser conferir.
Por sorte, muita gente não quer conferir e prefere usar o Tor para ter acesso a informação e discutir temas importantes de programação, política e economia, divulgar informações sensíveis (como fez WikiLeaks e Edward Snowden), além de servir como sala de reunião para quem quer melhorar a imagem da Deep Web (como o grupo hacker Anonymous, que publicou lá os IPs de 190 pedófilos, no início de 2012).