Cresce uso de bitcoin por pessoas 'normais'

Mesada e pagamento de aluguel estão entre novos usos para a moeda digital nos EUA

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Por Redação Link
Atualização:
 

Olga Kharif BLOOMBERG NEWS

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No início deste ano, Mary Fons entrou na economia do Bitcoin. Ela usa a moeda digital para comprar cartões de presentes e artigos para escritório. Seu sócio reembolsa Fons com bitcoins por sua parte do aluguel.

Diferentemente de muitos adeptos iniciais da moeda, Fons não é uma nerd ou uma autodeclarada libertária. Ela tem 35 anos, vive em Nova York e é co-apresentadora do programa Love of Quilting na televisão pública.

“Por que Bitcoin?”, ela pergunta. “Porque eu quero ter opções. Acho que é uma coisa boa aberta a todos.” Fons tem companhia. Pessoas em todo o mundo abriram 41 milhões de contas de bitcoins, segundo o Banco da Inglaterra. Embora o valor total do comércio de bitcoins seja desconhecido, Gil Luria, um analista da Wedbush Securities, estima que os gastos globais em bens e serviços dobraram no ano passado.

Pais estão dando a mesada dos filhos em bitcoins para eles aprenderem a ser cidadãos digitais. Fumantes de maconha estão comprando brotos em máquinas de vender habilitadas para bitcoins. Consumidores em mercados emergentes como Brasil e Rússia estão começando a usar bitcoins para se protegerem das flutuações das suas moedas.

De longe a mais popular moeda virtual, o Bitcoin não tem um administrador central; uma rede de computadores de voluntários valida as transações, que requerem assinaturas eletrônicas criptografadas.

Os primeiros usuários de bitcoins eram principalmente investidores que procuravam lucrar com as oscilações selvagens da moeda, libertários atraídos pela inexistência de controle governamental e fãs de tecnologia que consideram o papel moeda e os cartões de crédito antiquados.

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Nos últimos meses, o bitcoin atraiu um público mais convencional, diz Lui Smith, pesquisador do departamento de antropologia da Universidade College London. Em 2013, mais de 42% das mais de 1.000 pessoas que responderam à pesquisa online professaram ser libertários e anarcocapitalistas que defendem a eliminação do Estado. Este ano, cerca de 22% dos 400 entrevistados se descreveram dessa maneira.

Outro sinal de que o Bitcoin está se tornando convencional: no mês passado, o Departamento de Proteção Financeira do Consumidor, uma agência americana tipicamente focada em hipotecas, cartões de crédito e empréstimos estudantis, advertiu sobre os riscos associados a moedas virtuais tais como fraudes e invasões por hackers.

Três fatores estão atraindo consumidores para o Bitcoin. A moeda é menos volátil. Novos aplicativos e carteiras digitais facilitam seu uso. E companhias tradicionais – mais de 75 mil, segundo os serviços de pagamento Coinbase e BitPay – aceitam a moeda virtual. Os consumidores podem usar o Bitcoin para pagar o Dish Network por consertos de TV, o Expedia para um quarto de hotel e a Dell por um PC. Os chamados Bitcoins Boulevards, onde varejistas aceitam a moeda, abriram em uma área chamada “World Canal”, em Ohio, onde até empresas de chocolate como a Mitchell’s Fine Chocolates aceitam a moeda.

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O blog TheBitcoinWife.com publica artigos sobre o estilo de vida bitcoin. Uma série de livros denominada Bitcoin for Kids explica os conceitos subjacentes para crianças. Jaden Shelton, 10 anos, de Fairfax, Virgínia, escreveu The Scary Blueberry (O mirtilo assustador, em tradução livre) sobre um garoto que tinha medo de experimentar comidas novas, e está vendendo o livro com um desconto de 33% para quem pagar com bitcoins. Cerca de 40 usuários de Bitcoin compraram exemplares até agora.

O pai de Shelton, Zach, 41, um gerente de projeto, vem dando a mesada a seus filhos em Bitcoin há cerca de seis meses. Brooke Mallers, 51 anos, uma dona de casa com seis filhos em Evanston, Illinois, começou a gastar bitcoins em compras no fim do ano passado, quando comprou os presentes de Natal dos filhos – cartões de presente da Nike, por exemplo. Em abril, ela e o marido compraram móveis de jardim na Overstock.com e, em julho, um computador Dell para os filhos jogarem. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK

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