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Concorrência beneficia fãs dos e-readers

Bits: Lançamentos de tela colorida e monocromáticas ampliam as opções para os consumidores

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Por Redação
Atualização:
 

Por Nick Bilton

Perto do fim de um voo recente com destino a Los Angeles, a voz da aeromoça no sistema de som do avião pediu aos passageiros: “desliguem seus livros” para a aterrissagem.

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Poucos anos atrás estas palavras teriam provocado risadas curiosas.

Ainda assim, naquele voo não se ouviu nem mesmo um murmurar; apenas os cliques e toques nos botões que desligam Kindles e iPads.

Como escrevi num post publicado na semana passada sobre a ascensão dos dispositivos móveis, o mercado de e-readers cresceu vertiginosamente nos últimos anos, e os analistas estimam que os consumidores devem comprar 19,5 milhões de aparelhos do tipo em 2010. Este número deve chegar a 150 milhões até 2013.

Mas a indústria ainda não consegue decidir como será a aparência destes dispositivos no futuro. Será que o caminho está nos dispositivos monocromáticos dedicados especificamente à leitura, ou nos tablets que se assemelham mais aos computadores e apresentam recursos que vão além dos livros tradicionais, incluindo a reprodução de vídeos, a execução de aplicativos e a navegação pela rede?

A Barnes & Noble decidiu apostar em ambos os cavalos nesta corrida, comercializando um leitor monocromático de texto eletrônico e lançando agora um dispositivo a cores.

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O mais novo produto da empresa, batizado de Nook Color, custa US$ 250, apresenta uma tela de cristal líquido de 7 polegadas e usa uma variante do sistema operacional Google Android. Trata-se de um aparelho que se situa na fronteira entre os e-readers clássicos e os computadores tablet ao acrescentar aplicativos já instalados que vão além da leitura.

 

Apesar de ainda não estar claro se a versão a cores será um sucesso, William Lynch, diretor executivo da Barnes & Noble, disse em entrevista coletiva realizada na terça feira que a empresa vendeu mais de 1 milhão de Nooks desde o lançamento do dispositivo no ano passado.

O número parece impressionante até ser comparado com as vendas de outro aparelho que disputa este mercado e traz o logotipo de uma maçã no seu verso.

O Apple iPad, vendido a partir de US$ 500, é claramente mais do que um e-reader, reunindo num mesmo aparelho as funções de computador, e-reader e dispositivo de navegação na internet, e tem sido extremamente bem recebido pelos consumidores até o momento. Em seu mais recente balanço contábil a Apple disse ter vendido mais de 7 milhões de iPads em seis meses.

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Há também a abordagem adotada pela Sony, que insiste na crença de que os consumidores não estão interessados em cores. As telas que exibem texto eletrônico nos e-readers monocromáticos o fazem com uma definição melhor do que as de LCD colorido e consomem muito menos energia, mas não conseguem reproduzir imagens em movimento.

Phil Lubell, vice-presidente de leitura digital da Sony Electronics, disse por e-mail acreditar que os consumidores preferem “uma tela de texto digital mais limpa e livre de reflexos, que proporciona uma experiência de leitura mais envolvente”. (É claro que, na sua própria coletiva de imprensa, o diretor da Barnes & Noble disse que os consumidores “pediram por um e-reader a cores”.)

Apesar de a Sony ter se recusado a divulgar o número exato de e-readers vendidos até o momento, um representante da empresa disse que a marca de um milhão de unidades vendidas já tinha sido “ultrapassado há algum tempo”.

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Não podemos nos esquecer de outro concorrente neste mercado de e-readers: o Amazon Kindle. Apesar de não ter sido o primeiro a chegar ao mercado, o Kindle sem dúvida foi um dos lançamentos mais importantes.

Um representante da Amazon não quis comentar os planos futuros da empresa para o Kindle, e nem revelar o número de unidades vendidas até o momento. Analistas acreditam que a Amazon tenha vendido entre 3 milhões e 6 milhões de unidades desde o lançamento do primeiro Kindle em 2007.

Uma versão a cores do competitivo Kindle não deve ser lançada tão cedo. Jeffrey P. Bezos, diretor executivo da Amazon, disse muitas vezes que as cores “não estão prontas para fazer sua grande estreia” em se tratando da próxima geração de e-readers. Bezos também disse anteriormente que Kindles a cores só devem chegar daqui a “muitos anos”.

Esperar pelo desenvolvimento de uma tecnologia a cores mais aprimorada pode beneficiar a Amazon e a Sony, mas é possível que o tiro saia pela culatra. Conforme os consumidores leem uma variedade cada vez maior de conteúdo nos dispositivos a cores que são capazes de exibir vídeos e proporcionam uma experiência mais semelhante à de uma revista, leitores eletrônicos monocromáticos podem rapidamente se tornar um produto dedicado a um mercado pequeno.

Apesar de estas empresas não chegarem a um acordo em relação a como seria o dispositivo perfeito, há algo que está claro nos produtos oferecidos atualmente: a concorrência e a gama de opções no mercado vão sustentar o avanço das inovações e o recuo dos preços por muitos anos ainda.

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