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'Com o acesso ao básico; as pessoas entenderão o valor da internet'; diz Facebook

Facebook abre sua plataforma Internet.org, que oferece acesso gratuito a apps e serviços, para desenvolvedores; em entrevista ao Link, executivo do Facebook defende programa

Por Murilo Roncolato
Atualização:

SÃO PAULO – O Facebook tornou sua plataforma Internet.org aberta a desenvolvedores que queiram ter o seu aplicativo ou site entre os que serão oferecidos sem cobrança de dados em países com baixa penetração de banda larga móvel. As aplicações passarão por uma seleção e serão oferecidas globalmente sem cobrança de nenhum tipo ao desenvolvedor ou ao usuário.

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Internet.org é uma iniciativa do Facebook que, a partir de acordos com governos e operadoras locais, oferece acesso gratuito a seletos aplicativos, que teoricamente oferecem um serviço básico ligados a áreas como saúde, educação, emprego, notícias, clima, além de Google, Wikipedia e, claro, o Facebook.

O acordo geralmente prevê que as operadoras assumirão os custos; em troca, a tese do negócio – fundamentada em uma prática conhecida como “zero-rating” – é de que o acesso gratuito será apenas um passo antes de usuário passar a pagar por mais acesso para ter uma experiência completa da internet.

A empresa ainda deixa claro que “sites que demandem banda larga não serão incluídos”, nem serviços de VoIP, vídeo, transferência de arquivo, fotos em alta resolução ou que contenham grande volume de fotos – o que eliminaria por exemplo a inclusão de coisas parecidas com Skype, Instagram, Flickr ou Dropbox.

Mark Zuckerberg fez o anúncio em um vídeo publicado nesta segunda em seu perfil no Facebook, uma semana após defender o Internet.org contra acusações de que o programa violava, com o zero-rating, o princípio da neutralidade de rede – operadoras na Índia abandonaram o programa justamente por essa razão.

Optando por uma linha de argumentação maniqueísta, o diretor do Facebook inicia seu vídeo dizendo que “ajudar as pessoas encontrar trabalhos e combater a pobreza é a coisa certa a fazer” e “dar acesso gratuito a educação e saúde é a coisa certa a fazer”. Em seguida, convoca seu público a pensar “que tipo de comunidade” querem: uma “que valoriza as pessoas e melhora suas vidas acima de tudo” ou “uma que coloca a pureza intelectual sobre tecnologia acima das necessidades das pessoas”.

“Dar esses serviços gratuitos às pessoas é a coisa certa a se fazer”, defende, esclarecendo que entende que a neutralidade de rede (uma de caráter “inclusiva”) pode conviver com a oferta de acesso gratuito. Ele ainda advoga que 4 bilhões de pessoas que poderiam ter acesso à internet por meio do seu programa “não tem voz” e não podem comentar suas opiniões sobre o assunto.

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‘Com o acesso ao básico, eles entenderão o valor da internet’

Em entrevista ao Link Estadão, o vice-presidente de produtos do Facebook, Chris Daniels, disse que a missão do Facebook é permitir que as pessoas tenham condições de entrar pela primeira vez na internet. “Queremos provar que dando acesso a serviços básicos, as pessoas ficarão online e entenderão o valor da internet e a explorararão mais e mais.”

Daniels chamou a abertura da plataforma a desenvolvedores de “um grande passo” do programa, mas explicou que isso funcionará se os aplicativos conseguirem seguir as regras determinadas. “Esse programa precisa ser economicamente viável para as operadoras. Se os serviços e sites forem pesados, não funcionará para eles [operadoras].”

Sobre o Internet.org, Daniels disse que estão “indo bem”, chegando para mais países (“estamos com mais lançamentos em vista”), mas não deu detalhes sobre como andam as negociações para implementação do projeto no Brasil. Zuckerberg se encontrou com a presidente Dilma Rousseff para discutir a viabilidade de trazer o Internet.org para o País, mas nenhuma informação foi divulgada posteriormente.

O encontro foi recebido com preocupação por entidades e ativistas que acreditam que o programa pode violar a lei nº 12.965, conhecida por Marco Civil da Internet.

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