CES 2016: TVs viram figurantes na feira de Las Vegas

Antigas estrelas do evento, televisores perderam espaço para outras tecnologias

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Por Matheus Mans
Atualização:

Reuters

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Em 2013, os visitantes da CES se maravilharam com a revelação das primeiras TVs com telas de oled e resolução Ultra HD ou 4K (veja quadro ao lado). Três anos depois, as TVs viraram meras figurantes na maior feira de tecnologia do mundo: drones, carros e até geladeiras inteligentes tomaram seu espaço. Apesar disso, fabricantes continuam a insistir na chegada iminente dessas TVs à casa dos consumidores. Até agora, porém, o alto custo e a falta de filmes e séries de TV compatíveis emperram a adoção das novas tecnologias.

Leia também:Em corrida tecnológica, fabricantes de televisão apostam em novas telasCES 2016: Confira a cobertura completa do Link

A fraca demanda fez algumas fabricantes reapresentarem produtos do ano passado. A Panasonic, por exemplo, exibiu TVs e tocadores de Blu-Ray com resolução Ultra HD, que já tinham sido anunciados em 2015 – a empresa não chegou a comercializar os produtos. Outras companhias, como LG e Samsung, apostaram em inovações incrementais, como o High Dynamic Range (HDR), software que melhora o contraste e a fidelidade das cores exibidas na tela. As TVs com resolução 8K também marcaram presença na feira, mas ainda parecem fazer parte de filmes de ficção cientifica.

“Falta uma tecnologia nova para encantar o consumidor”, diz o diretor da consultoria GfK, Oliver Roemerscheidt, em entrevista ao Estado em dezembro do ano passado. “Falta a grande inovação para as vendas avançarem.” Segundo a consultoria, as vendas de televisores registraram queda de 38% no Brasil em 2015.

Alta definição. No caso do Ultra HD, o principal problema é a falta de conteúdo. Sem ter o que assistir, os consumidores não toparam pagar caro para ter uma tela com maior resolução de imagem em casa. “O mundo já tinha dado um salto enorme do sinal analógico para o digital”, conta Marcelo Zuffo, pesquisador e professor do departamento de engenharia de sistemas eletrônicos da Escola Politécnica da USP. “Em 2013 parecia cedo para outro salto.”

Poucas empresas investiram na produção de conteúdo em Ultra HD. O serviço de streaming de vídeo Netflix, por exemplo, conta com apenas 25 títulos em seu catálogo nessa resolução. A Rede Globo também está engatinhando: a emissora carioca transmitiu apenas alguns jogos da Copa do Mundo e capítulos de novelas e minisséries. “Nossa missão é apoiar a digitalização dos domicílios analógicos, mas também atender a quem já possui um televisor 4K”, diz o diretor de tecnologia de esportes da Globo, José Marino.

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O cenário tem boas perspectivas de mudança. A Sony, por exemplo, lançou um aplicativo para TVs que permitirá comprar filmes em Ultra HD. Já a Panasonic e a Samsung apostaram em parcerias com estúdios de cinema. “Esperamos o lançamento de mais de 100 discos de Blu-Ray 4K em 2016”, disse o vice-presidente da Samsung dos EUA, Joe Stinziano, na CES.

Segundo especialistas, a transição das TVs do Full HD para o 4K pode demorar, mas é inevitável. “Da mesma forma que todas as TVs hoje são led, até 2017 todas serão 4K. Não vamos mais ter HD”, aposta Zuffo. Para 2016, a LG e a Samsung apostam que 50% de seu portfólio será de TVs Ultra HD – elas devem representar apenas 10% do total das vendas no País.

Tela viva. O oled, por outro lado, encontra no preço alto sua maior barreira. O modelo mais simples – com tela de 55 polegadas e resolução Ultra HD – custa a partir de R$ 16 mil no País. A vida útil do aparelho é questionável. “O oled é uma tecnologia apenas para dispositivos com curta duração”, diz João Rezende, gerente de produtos da divisão de TVs das Samsung.

Para a LG, a disseminação do oled é uma questão de tempo. “É a nossa grande aposta”, diz a gerente-geral de marketing de produtos da LG, Fernanda Summa. “Estamos sozinhos hoje no mercado, mas sabemos que a indústria vai caminhar até lá.”

PARA ENTENDER

O que são oled e Ultra HD

O Ultra HD ou 4K é uma resolução de imagem que equivale a quatro vezes o Full HD, presente na maioria dos televesores hoje à venda no mercado. A imagem final é composta de mais de 8 milhões de pixels, o que torna os detalhes da imagem mais evidentes.

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Já o oled (diodo emissor de luz orgânico, na sigla em inglês) é uma tecnologia para telas de TV que promete substituir o led (diodo emissor de luz). Ele permite exibir imagem com cores mais vivas e maior contraste.

/COLABOROU BRUNO CAPELAS

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