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Anônimo sem causa

O grupo hacker Lulz Sec chamou atenção ao assumir ataques à Sony,à CIA e ao FBI

Por Carla Peralva
Atualização:

??? O grupo hacker Lulz Sec chamou atenção ao assumir ataques à Sony,à CIA e ao FBI

SÃO PAULO – Se há duas semanas os governos de Estados Unidos, Irã, Turquia e Espanha e até mesmo a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estavam preocupados com o poder do grupo Anonymous, nos últimos dias, outra organização hacker ganhou o noticiário e a atenção daqueles preocupados com a segurança de redes online.

 

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Entre terça, 14, e quinta-feira, 16, da semana passada, o Lulz Security atacou duas vezes os servidores do site do Senado norte-americano, derrubou a página da Agência Central de Inteligência americana (CIA) e invadiu o sistema da desenvolvedora de games Bethesda.

Ao contrário do Anonymous, famoso pela motivação política de seus ataques e por ter derrubar sites de empresas contrárias ao WikiLeaks e de governos que praticam a censura na internet, os participantes do LulzSec não querem saber de lutar por causas nobres ou de hacker para fazer o bem. A ideia é basicamente trollar.

“Vocês acham engraçado assistir ao caos se espalhar e nós achamos isso engraçado porque fomos nós que causamos o estrago. Nós divulgamos informações pessoais porque, assim, pessoas igualmente más podem nos entreter com o que eles podem fazer com elas”, disse o grupo em uma carta aberta destinada a todos que usam a internet publicada na sexta-feira, 17.

Sempre com tom irônico, ameaçador e despreocupado, o texto zomba daqueles que acreditam que a maior crítica a ser feita ao grupo é a de que eles divulgam abertamente quais foram os ataques realizados, o que incentivaria governos a criarem leis cada vez mais restritivas para regular a internet. Segundo eles, no entanto, o temor maior deveria estar voltado exatamente para o lado contrário: para o fato de que muitos grupos hackers não anunciam publicamente suas ações e agem no silêncio, invadindo redes, atacando sites e roubando dados.

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“Vocês se sentem seguros com suas contas no Facebook, suas contas no Gmail, suas contas no Skype? O que faz vocês pensarem que um hacker não está silenciosamente sentado dentro delas todas bem agora, atacando pessoas individuais ou, talvez vendo-as? Vocês são peões para essas pessoas. Um brinquedo. Uma sequência de caracteres com um valor”, diz a carta.

Se divertir às custas das confusões causadas é sempre a motivação maior. O próprio nome do grupo – Lulz Security – tira sarro da ideia de segurança na rede. A palavra “Lulz” vem da expressão “laughing out loud”, ou “rindo alto”, muito usada online.

O grupo também ataca sites sugeridos por seus seguidores. Na quarta-feira, 15, foi divulgado um número de telefone por onde qualquer pessoa poderia deixar uma mensagem sugerindo o próximo alvo dos ataques. O Lulz Sec ganhou visibilidade quando assumiu, no mês passado, a autoria dos ataques às redes da Sony – aparentemente, seu alvo preferido. Dados pessoais, incluindo o número do cartão de crédito, de mais de 100 milhões de usuários da PlayStation Network, SonyPictures.com e Qriocity foram comprometidos. As informações cerca de 2,2 milhões de pessoas foram encontradas à venda na rede por US$ 100 mil três dias depois do primeiro ataque, em abril.

Ainda no currículo do grupo estão a derrubada dos sites do FBI, da Nintendo, das redes americanas de TV PBS e Fox, e de grandes sites americanos de pornografia. Nessas ataques, no entanto, nenhum dado sigiloso foi roubado e o sistema de segurança dos sites não foi completamente desarticulado.

—-Leia mais:Por segurança, EUA criam outra internetLink no papel – 20/06/2011

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