'Alugar quartos é apenas uma parte do nosso negócio'; diz cofundador do Airbnb

Em entrevista no evento de tecnologia TechCrunch Disrupt, Brian Chesky fala sobre o futuro da plataforma de aluguel de quartos

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Por Ligia Aguilhar
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SÃO FRANCISCO – Se ainda existia dúvidas sobre as intenções do Airbnb de entrar de vez no mercado de turismo, Brian Chesky, cofundador e diretor executivo da empresa, fez questão de eliminá-las durante sua apresentação no TechCrunch Disrupt San Francisco nesta terça-feira, 9. “Você vai a Paris para ter uma experiência, não para ocupar um espaço em um quarto. Nós queremos fazer cada vez mais parte dessa experiência”, afirmou.

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Há alguns meses o Airbnb, site que permite a qualquer pessoa alugar um quarto ou sua casa para turistas, começou a testar de forma experimental em algumas cidades uma nova plataforma voltada para experiências. A ideia é que além de um quarto em sua casa, as pessoas possam oferecer serviços pelo Airbnb, como um jantar caseiro em sua casa ou um tour guiado pela cidade.

Chelsky disse que esse é apenas um dos experimentos que a empresa está fazendo. “Há algum tempo paramos para pensar qual era o nosso negócio. Era aluguel de casas? Espaço? Turismo? Decidimos que estamos no negócio de turismo e que o aluguel de espaço é só uma parte do que uma pessoa faz durante uma viagem”, afirmou.

Assim como acontece com o aplicativo de caronas Uber e os taxistas, o Airbnb enfrenta resistência por propor um modelo de negócio que afeta diretamente negócios tradicionais – no caso, a indústria hoteleira.

O maior desafeto da empresa até agora atende pelo nome de Eric Schneiderman, o procurador-geral de Nova York. Ele intimou a startup no ano passado a fornecer registros de todos os seus anfitriões no Estado sob alegação de haver evidências de que vários estariam utilizando a plataforma para alugar não apenas um espaço em sua residência, mas também outros imóveis, criando um mercado ilegal.

O Airbnb travou uma batalha legal contra o procurador, mas acabou perdendo e entregou os dados de 124 anfitriões na cidade de Nova York recentemente. Antes disso, eliminou milhares de perfis que atuavam de forma abusiva da sua plataforma. “Estamos discutindo novas legislações com milhares de cidades, por toda Europa, para garantir que os impostos necessários sejam pagos”, disse Chesky.

A resposta levantou uma nova questão. Se o Airbnb sabe que enfrenta resistência em muitas cidades, por que não negocia com legisladores antes de entrar no mercado e causar desconforto? “Esse não é um problema de todo o mercado. Há muitas cidades felizes com os nossos serviços”, alegou.

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O Airbnb faz parte do clube das startups mais valiosas do mundo, com valor de mercado estimado em US$ 10 bilhões, atrás apenas do Uber. Mas Chelsky não gosta de comentar o assunto. “Ninguém escreve sobre o Google e fala que ela é uma empresa de tantos bilhões de dólares. Não entendo por que isso é uma questão no nosso caso”, afirmou.

Logo

 

O ponto alto da apresentação foi quando o jornalista Ryan Lawler, do site TechCrunch, projetou o novo logotipo do Airbnb em um telão no palco e perguntou a Chesky com qual parte do corpo humano a imagem se assemelhava? Lançado em julho, a nova marca do Airbnb virou piada na internet porque lembraria o formato do órgão sexual feminino.

“Dúzias de pessoas trabalharam nisso e algumas trouxeram essa questão (do formato) à tona. Mas nós nos apaixonamos pelo símbolo e essa imagem a qual você se refere não foi a primeira que passou pela nossa cabeça”, defendey Chesky. “O logo traz uma ideia de pertencimento, de um coração sendo abraçado. Era importante para a gente que o logotipo antigo fosse esquecido e, se tem uma coisa que esse novo logotipo fez foi isso”, disse.

Para Chesky, qualquer publicidade é boa publicidade. “O problema é quando ninguém se importa com o que você faz, porque isso mostra que você é irrelevante”, diz.

Conferência

Há uma semana o Airbnb anunciou que ira realizar uma conferência em São Francisco no fim de novembro. Esse tipo de evento normalmente é focado em atrair desenvolvedores para criarem novas soluções tecnológicas para uma empresa, mas o Airbnb mudou a proposta.

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Sua conferência terá como foco os anfitriões da sua plataforma. “Nosso cliente não é o anfitrião, mas o hóspede. Por isso enxergamos os anfitriões como nossos parceiros e queremos nos unir a eles para educá-los e nos tornarmos a maior marca de hospitalidade do mundo”, afirmou.

Segundo Chesky, atualmente 400 mil quartos são alugados por dia por meio do Airbnb. Um número que para ele ajuda a explicar alguns incidentes registrados por usuários da plataforma, como casos de danos a imóveis, furtos, entre outras queixas. “Esse é o tamanho de uma cidade pequena. Se você pensar nisso, percebe que muitas coisas podem acontecer entre 400 mil pessoas, mas que a maioria delas são boas”, afirmou, “No começo não tínhamos nenhuma medida de segurança. Hoje temos contas verificadas e continuamos a nos aprofundar cada vez mais em segurança”, afirmou.

Airbnb e Uber estão impulsionando a economia colaborativa, criando um novo mercado mas causando prejuízos para negócios tradicionais. Diante disso, seria a economia colaborativa realmente uma boa tendência? “Como poucas empresas podemos ajudar as pessoas em situação difícil a conseguir dinheiro. Muitos hobbies podem permanecer como hobbies ou se tornar algo profissional. E isso é ótimo, diz.

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