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Alibaba investe em empresas nos EUA

Gigante chinês quer ganhar relevância no mercado americano antes de abrir o capital

Por Redação Link
Atualização:
 

Mike Isaac Michael J. de la Merced THE NEW YORK TIMES

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O Grupo Alibaba, varejista chinês que opera na internet, está chegando aos Estados Unidos com o talão de cheques bem aberto.

Em março, o Alibaba investiu US$ 215 milhões na compra do Tango, um aplicativo de mensagens. Recentemente, contactou o Snapchat, outro aplicativo de mensagens que este ano recusou uma oferta de compra feira pelo Facebook no valor de US$ 3 bilhões, e está prestes a fazer um grande investimento que conferiria à jovem companhia um valor de mercado de US$ 10 bilhões.

E há mais: o Alibaba participou de uma rodada de US$ 170 milhões pela Fanatics, varejista online de antiguidades do esporte. Na quinta-feira, a Kabam, uma start-up de videogames, anunciou que recebeu do Alibaba um investimento de US$ 120 milhões. A nova oferta dá ao Alibaba uma cadeira no conselho de direção e, provavelmente, uma participação significativa na Kabam, que informou valer atualmente mais de US$ 1 bilhão.

A recente explosão de atividade – que inclui meia dúzia de investimentos nos Estados Unidos neste último ano – ocorre porque a gigante da internet prepara sua estreia no mercado, uma das mais intensamente esperadas desde a do Facebook, há dois anos. O Alibaba começará suas operações em setembro a um valor de mercado de talvez US$ 200 bilhões, o que potencialmente a torna uma das maiores ofertas públicas iniciais (IPO) de todos os tempos.

Seria simples declarar que o Alibaba, hoje uma espécie de locomotiva da área de tecnolgia por reunir uma coleção tentacular de negócios em seu país, tenta sua abordagem onívora dos EUA e está disposta a gastar muito para que isto aconteça.

Mas os recentes investimentos não se referem unicamente ao tamanho. O Alibaba também busca parcerias no mundo às vezes fechado das startups consolidadas no Vale do Silício, onde um punhado de financistas pode ajudar a companhia a detectar o próximo aplicativo de sucesso ou a tendência do comércio eletrônico antes que ele chegue ao mercado.

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“Com investimentos como estes, eles conseguem bons produtos, impressionam e, o que é mais importante, criam relacionamentos e confiança entre os investidores”, disse Sameet Sinha, analista da Internet na firma de investimentos B. Riley & Company.

Um porta-voz do Alibaba não quis comentar a estratégia de investimentos, embora a companhia chinesa tenha exibido os princípios nos quais se baseou nos documentos apresentados para a sua IPO. Na linguagem formal dos documentos enviados às autoridades reguladoras, o Alibaba disse que quer atrair mais usuários, melhorar a utilização dos serviços da companhia e melhorar as relações com os clientes.

Evidentemente não está claro como investimentos em coisas tão diferentes como antiguidades do esporte e aplicativos de mensagens possam coadunar-se nesse plano, mas está claro que a principal prioridade do Alibaba é investir na América do Norte.

O grupo é dirigido por Michael Zeisser, originário da França que anteriormente dirigiu a divisão de comércio digital da Liberty Media.

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Zeisser foi contratado por Joseph C. Tsai, vice-“chairman” do Alibaba, a quem se reporta. Tendo recebido amplos poderes da administração do Alibaba, Zeisser e sua equipe têm como tarefa, nada menos que tornar seu empregador um colosso do e-commerce e da Internet global.

“Quando você é dono de 45% do comércio digital da China e quer continuar crescendo, uma parcela do mercado internacional é evidentemente algo a ser explorado”, afirmou Eric Setton, diretor de tecnologia e cofundador do Tango.

Isto levou a uma série de investimentos em outras companhias aparentemente heterogêneos, como a Lyft, um serviço popular de transporte solidário que começou recentemente a operar em Nova York, e a ShopRunner, uma start-up de entregas do comércio eletrônico.

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Embora o Alibaba pareça abraçar uma gama muito variada de atividades, grande parte de suas participações se concentra no setor de celulares e no comércio eletrônico. O Tango sugeriu que planeja lançar alguma forma de compras em seus serviços, enquanto a Kabam oferece ao Alibaba a oportunidade de aprender sobre compras por meio de aplicativos.

Por outro lado, nos últimos meses, o Alibaba fez acordos para a compra do controle total da AutoNavi, um serviço chinês de mapeamento listado nos EUA, e adquiriu uma participação de 50% em um dos principais times de futebol da China. Segundo informações – infelizmente para alguns investidores potenciais – o cofundador do Alibaba, Jack Ma, decidiu adquirir a participação na Guangzhou Evergrande em cerca de 15 minutos depois de tomar alguns drinks com o proprietário do clube.

O projeto de investimentos do Alibaba não visa entretanto uma concorrência direta com pesos pesados da Internet americana como Amazon e eBay, já consagrados. Em seu prospecto para a IPO, o Alibaba afirma que seus investimentos continuarão se concentrando na China, onde a companhia ainda vê um enorme potencial de crescimento.

Para as start-ups americanas do grupo Alibaba, o investimento oferece vários benefícios. A Kabam, por exemplo, recebe uma linha direta na China, um dos mercados de maior crescimento em smartphones e jogos da década passada. Cerca de 40% das vendas globais de smartphones, no primeiro trimestre de 2014, destinaram-se a consumidores chineses, segundo a empresa de pesquisas IDC.

Entretanto, não se trata de um mercado simples para uma companhia ocidental pretender ingressar. O conhecimento do Alibaba dos consumidores chineses conectados com a Internet poderá ajudar as startups americanas a navegar numa paisagem nada familiar.

“Entrar na Ásia é algo muito complexo”, disse Kent Wakeford, diretor de operações da Kabam. “Os sistemas de pagamentos são diferentes, há diferentes tipos de telefones e tablets para levar em conta. A própria cultura é diferente”.

Zeisser e sua equipe prestaram uma grande ajuda a seus novos parceiros, disseram executivos de companhias do portfólio, assessorando-os nas diferentes estratégias e na solução dos problemas.

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“Eles se mostraram muito ativos e contribuíram significativamente para a nossa estratégia”, afirmou Setton do Tango. “E também nos proporcionaram respaldo financeiro para que pudéssemos realizar coisas que antes não poderíamos realizar”. /TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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