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A Zynga faz mal para o Vale do Silício

Empresa que impulsionou os games sociais entra em crise e isso, ironicamente, é bom – não para ela, claro

Por Redação Link
Atualização:

Farhad Manjoo*

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No Vale do Silício, ninguém respeita a Zynga. Evidentemente, a prolífica desenvolvedora de jogos para o Facebook foi considerada há muito tempo uma startup do momento. A Zynga foi fundada em 2007, e em cerca de dois anos tornou-se uma das maiores desenvolvedoras de jogos do mundo.

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Entretanto, apesar do sucesso rápido, nunca falei com ninguém fora da Zynga que achasse a ascensão da empresa algo positivo para a indústria tecnológica ou para a indústria de games. Ao contrário, o mais comum é ouvir queixas sobre o péssimo tratamento aos funcionários e reclamações por ela se inspirar nas ideias de outros desenvolvedores de jogos.

O CEO da Zynga, Mark Pincus, defendeu a estratégia alegando que as versões que ela faz dos games de outras pessoas são melhores: “Não precisamos ser os primeiros. Precisamos ser os melhores”, falou aos funcionários através de comunicado no início do ano.

Apesar das afirmações contrárias de Pincus, a Zynga parece uma empresa sem um propósito. O que distingue as atuais empresas de internet das que foram fundadas durante a bolha dos anos 90, é que as empresas modernas acreditam estar mudando o mundo. Embora possa parecer duvidoso, Facebook e Twitter acreditam realmente que farão um sucesso extraordinário e vão melhorar a vida de bilhões de pessoas. Nestes parâmetros, a Zynga representa um triste retrocesso para os anos da bolha. O que ela procura é convencer os trouxas a gastar um monte de tempo e dinheiro cuidando de canteiros de flores virtuais – e nem sequer foi ela que os inventou.

Agora, a Zynga entrou no que parece uma espiral mortal, e ninguém se surpreende. Agora que a possibilidade de ganhar milhões no mercado acionário parece nebulosa com a queda brutal de suas ações, vários dos seus funcionários de alto escalão deixaram seus postos. Nos últimos meses, a companhia perdeu o diretor executivo, o diretor de operações, o diretor de marketing, o gerente geral de CityVille, e os criadores de Words With Friends. Laurence Toney, o ex-gerente de Zynga Poker, também saiu. O que não prenuncia nada de bom para a última esperança da empresa – os jogos de azar.

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No próximo ano, ela lançará, fora dos EUA, uma versão com “dinheiro de verdade” do seu jogo de pôquer, enquanto pressiona para conseguir a aprovação de uma lei federal que legalizaria o jogo de azar online no país.

É difícil lamentar as dificuldades da Zynga. Não quero ser moralista ao defender os méritos do jogo casual. Não acho que seja errado as pessoas se divertirem com os jogos da Zynga, e se alguns investem demais do seu tempo e dinheiro com os games, é o que em geral acontece com muitos passatempos. O problema é a Zynga em si. A companhia está no buraco porque, na realidade, nunca criou nada de novo.

De certo modo, o fim da Zynga é um bom sinal para a indústria de tecnologia. O aparente declínio assinala o fim de uma bolha, e sugere que os investidores e os clientes não podem ser engambelados por muito tempo. Agora, se a companhia tiver alguma esperança de sobreviver, terá de fazer algo que nunca fez antes: começar a criar coisas incríveis, que o mundo jamais viu.

/Tradução de Anna Capovilla

*É repórter da ‘Slate’ 

—-Leia mais:Entressafra • Link no papel – 5/10/2012

 

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