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A tecnologia não é tudo

As novidades estavam presentes na feira, mas impacto não é revolucionário

Por Murilo Roncolato
Atualização:

As novidades estavam presentes na feira, mas impacto não é revolucionário

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LAS VEGAS – A Consumer Electronics Show (CES) nunca esteve tão grande. O número de expositores chegou ao recorde de 3 mil. Isso em uma época em que a moda é anunciar seus novos produtos em eventos particulares, como Apple e Google fazem.

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Quando a Microsoft anunciou no ano passado que não participaria mais da feira, muito se falou sobre a CES estar perdendo prestígio. Mas a feira passa bem – e a Microsoft não foi totalmente embora, já que o CEO Steve Ballmer deu as caras em Las Vegas na abertura. O problema não é a feira ou quem está nela, mas o que a indústria apresenta.

Andar entre as 150 mil pessoas que visitaram o gigantesco Centro de Convenções de Las Vegas (são 300 mil m²!) dá a sensação de que estamos de fato prestigiando o evento de tecnologia mais importante do mundo. Estar ali é a chance de ver em primeira mão tecnologias que estarão nas casas das pessoas em alguns anos.

Maratona. Na foto, jornalista descansa antes de evento para imprensa. Foto: Rick Wilking/REUTERS

E não é só empolgante andar entre os grandes estandes das marcas tradicionais que, como diz Gary Shapiro, o chefe da CES, “pagam o aluguel e, por isso, têm preferência”, como Sony, Samsung e LG. O curioso era conferir o que as pequenas lançaram de novidade e como elas tiram proveito de aparelhos e plataformas criados pelas grandes. Mesmo que elas fiquem apertadas em estandes pequenos, as empresas menores não decepcionaram e conseguiram chamar a atenção do público. Só não dá para entender por que as 150 startups ficaram recolhidas em outro espaço, em um pavilhão isolado do restante da feira.

Produtos para a área de saúde, que ajudavam a emagrecer ou a controlar atividades físicas marcaram essa edição, ao lado da internet das coisas (ou da “internet de tudo”, como chamou a Qualcomm).

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Parece que o novo objetivo é dar alguma utilidade para tanta informação gerada e compartilhada na internet. Do mesmo jeito que celulares deixaram de ser só celulares, os relógios também deixam de ser apenas relógios; televisores fazem muito mais do o século 20 imaginou. Carros, óculos e geladeiras também. Tudo agora está conectado, todos se conversam.

Mas algo gerava desconforto. Talvez seja a sensação de que muitos anúncios não eram tão novos assim. Se o leitor, por engano, se deparasse com reportagens feitas sobre a CES de 2009, ele continuaria bem atualizado sobre as novidades deste ano. Há quatro edições também se falava em TVs Ultra HDs de muitas polegadas, o 3D já estava lá, assim como telas Oled flexíveis. Veio 2010 e a Apple mostrou o iPad, revolucionando o setor e dando início a uma nova categoria de aparelhos que inundariam a CES seguinte: os tablets.

Mas não é sempre que isso acontece. Há pequenas inovações, e essas nós podemos ver todo mês, como é o caso do Samsung Galaxy S3. É ótimo, mas é revolucionário? Para o analista Jia Wu, da Strategy, o que falta para algumas companhias é saber aproveitar tecnologias já existentes para criar um produto bom, útil, acessível e que tenha a chance de ampliar suas funções nas mãos dos usuários.

“Tem de ser mais fácil e barato também. Veja o iPhone: Wi-Fi, Bluetooth… isso tudo já existia. Eles só combinaram tudo de forma que as pessoas entenderam. A lição disso é que às vezes a tecnologia não é tudo.”

—-Leia mais: • O dilema da inovação • Novas cabeças • Link no papel – 14/1/2013

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