A personalização está nos deixando mais estúpidos?

Palestrante do TED diz que Google e Facebook nos mostram o que acreditam que queremos ver, não o que precisamos ver

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Hoje grande parte do conteúdo disponibilizado na web passa por um filtro de personalização. O feed de notícias do Facebook e os resultados de busca do Google, por exemplo, podem receber um filtro prévio baseado em nosso comportamento online, preferências e localização.

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Assim, temos acesso a um conteúdo teoricamente mais relevante para nós. Mas um palestrante do último TED, que aconteceu na quinta-feira, 3, na Califórnia, diz que essa filtragem prévia está nos tornando coletivamente mais desinformados enquanto sociedade.

Eli Pariser, ex-diretor executivo do MoveOn.org, grupo americano de defesa da democracia, falou sobre uma tendência que percebeu no Facebook. Ele se considera uma pessoa progressista. Ao longo do tempo, os amigos conservadores que ele começou a seguir apresentavam vários pontos de vista que foram desaparecendo gradualmente. Ele descobriu depois que esse era um resultado de seus cliques mais frequentes nos links postados por seus amigos mais liberais.

Pariser descreve isso como o “algoritmo invisível que edita a web”. O mecanismo “nos move para um mundo em que a internet nos mostra o que acredita que precisamos ver, mas não o que deveríamos ver”, diz.

Para exemplificar ele usa uma frase do próprio Mark Zuckerberg, fundador do Facebook: “um esquilo morrendo em frente à sua casa pode ser mais relevante para seus interesses agora do que as pessoas morrendo na África”.

Ele acredita que nós estamos criando coletivamente o que chama de “bolha de filtro”, que também é o título de seu livro. E, para ele, Facebook e Google deveriam ter um “senso de responsabilidade cívica e nos deixar saber o que está sendo filtrado, para oferecer mecanismos que nos deixem decidir o que passará e o que não”.

(foto: divulgação/TED)

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