A classe média digital

Estudo identifica potencial do consumidor de eletrônicos da classe média brasileira

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Por Murilo Roncolato
Atualização:

Um levantamento sobre o mercado de produtos eletrônicos e serviços de telecomunicações do Brasil identifica o potencial consumidor da nova classe média brasileira no setor, seja com a venda de celulares e computadores de última geração ou a maior oferta, com custo menor, de serviços de banda larga fixa e móvel (3G). Este grupo de consumidores é chamado de “nova classe média digital”, parcela da população formada basicamente pela classe C, com renda entre 3 e 10 salários mínimos

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Segundo dados do relatório divulgado pela consultoria multinacional de marketing Razorfish, os computadores estão cada vez mais presentes nas casas das pessoas, principalmente nesta classe “nova”, caracterizada pelo grande interesse por esse setor e pelo grande potencial comercial.

De acordo com o levantamento, atualmente computadores estão em cerca de 28 milhões de residências, sendo 63% pertencentes à “nova classe média digital” (NCMD). De 2006 para cá, houve um aumento de cerca de 15%. Sobre consumo, 9 em cada 10 computadores vendidos no Brasil foram comprados por esse grupo.

 

Fernando Tassinari, CEO da Razorfish no Brasil, acredita que o perfil do lar brasileiro está mudando de figura. Ele conta que visitando uma moradia em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, a família estava reunida em um cômodo ao redor de um computador, assistindo a vídeos do YouTube, enquanto a televisão estava desligada, durante o horário nobre.

“As pessoas estão agindo com o computador da mesma maneira que agiam com a TV tempos atrás”, afirma Tassinari.

O CEO explica que o objetivo central da pesquisa era mostrar a existência de um grande mercado ainda aberto para as empresas de tecnologia e telefonia, além de evidenciar um tipo de público e plataforma sobre os quais a publicidade deveria prestar mais atenção.

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“Todos estão comprando smartphones de ponta, super modernos, mas não pagam para ter acesso à internet porque é muito caro”, aponta Tassinari. “Acessam só pó Wi-Fi, em lan houses. De repente, com a criação de um serviço mais econômico isso poderia explodir e gerar um ganha enorme para as empresas”.

 

A pesquisa indica que do total de usuários da internet, 42% pertencem também à NCMD. Cerca de dois terços (66%) dos lares dessa classe possui algum aparelho com conexão à internet: 40% são computadores de mesa; 3% são laptops e 23% das casas tem celulares com acesso à internet.

No Brasil, dos usuários de telefonia móvel, 35% possuem internet, mas apenas 5% a utiliza realmente. No México 25% tem acesso, porém apenas 6% se conectam e, na Argentina, apenas 5% de 23%.

 

Aponta-se que, sem a oferta ideal pelo setor privado, as pessoas buscam alternativas para utilizar os mesmos serviços em seus aparelhos que os mais ricos.

No México, por exemplo, uma prática comum é o uso comercial do Bluetooth. Em vez de pagar por algum serviço, game, aplicativo diretamente com a loja online, o consumidor procura camelôs (identificados com placas como “juegos para móvil”) que vendem esses mesmos serviços e produtos por um preço abaixo do mercado, e fazem a transação da compra via Bluetooth para o comprador, sem pagar pela transferência de dados.

 

Mulheres

Ressalta-se ainda o destaque do público feminino neste mercado. Segundo o estudo, mais mulheres estão usando a internet para obter informações e utilizando a plataforma para criar seus próprios negócios. Cerca de 40% delas gastam mais de duas horas na web e 33% afirmaram terem mais interesse pela internet do que pela televisão.

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O levantamento se baseou em dados do IBOPE, da Comscore e entrevistas feitas pela consultoria.

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