100 dias com ele

O que mudou desde que Larry Page voltou ao comando do Google

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Por Filipe Serrano
Atualização:

Desde que Larry Page voltou ao comando do Google, a empresa lançou notebook com seu sistema operacional, espalhou o botão +1, seu curtir, pela web e pôs no ar o Plus, sua visão de ‘como a internet será nos próximos anos’

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Daqui a dois dias, na quarta-feira, Larry Page completa 100 dias no comando do Google. Nesse período, o buscador lançou um notebook com sistema operacional próprio, aumentou a presença do seu botão Curtir ( +1), anunciou uma ferramenta que promete transformar o telefone celular em cartão de crédito, apresentou um serviço de músicas online, mudou o visual de sua página inicial e, além de outras novidades, lançou o Google+.

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Dentre tantas mudanças, o Google+, ou Plus, é o projeto que mais representa os rumos que o buscador começou a tomar desde que o cofundador do Google voltou ao comando da empresa que criou há quase 13 anos.

 

Ao lado de Sergey Brin, Page foi responsável pelos algoritmos iniciais que definiam a relevância de um site nos resultados de busca. Page retorna em um momento que o Google muda a forma como encara seu objetivo de organizar todas as informações do mundo – agora, pensando também no lado social e pessoal da internet.

O desenvolvimento do Google+ teve início há mais de um ano com o codinome “Emerald Sea” (Mar de Esmeralda), como relatou em uma recente reportagem publicada no site da revista Wired, o veterano jornalista de tecnologia Steven Levy, autor do livro In The Plex, sobre o Google (leia mais aqui).

O tamanho do projeto do Plus descrito no livro mostra a importância que o Google está dando à tentativa de tornar seus serviços mais sociais – e, enfim, reagir ao Facebook e ao Twitter.

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Ao todo, 18 produtos do Google devem ser integrados às ferramentas sociais do Plus e mais de cem novidades são esperadas para este ano. Trinta equipes de engenharia fazem parte do desenvolvimento e são lideradas pelos principais nomes do Google, como os vice-presidentes Vic Gundotra e Bradley Horowitz.

O visual do Plus e seus círculos ficou a cargo de Andy Hertzfeld, o designer conhecido como “mago do software”, o mesmo que criou a interface do sistema dos computadores Macintosh para a Apple nos anos 1980. Ele trabalha no Google desde 2005.

O desafio é tanto que uma das primeiras medidas de Larry Page como CEO do Google foi decretar que 25% do bônus de fim de ano aos funcionários vai depender do desempenho da empresa nas ferramentas sociais.

Racional e pessoal. O Google passou quase 13 anos buscando dar às pessoas a resposta mais relevante e isenta possível. Agora, com o Google+, aponta para a percepção de que uma pergunta a amigos no Facebook (“Quero fazer uma lasanha. Dicas?”) pode ser mais útil do que uma busca (“receita de lasanha”). A proposta é criar esse tipo de interação pessoal também dentro dos serviços do buscador.

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“O Plus não é um produto isolado”, diz Felix Ximenes, diretor de comunicação do Google no Brasil, falando, em seguida, de um ideal bastante semelhante ao do Facebook: “Para a gente, não é uma rede social. É como a internet será nos próximos anos, agregando componentes sociais na navegação. Da busca ao compartilhamento de vídeos, fotos, mensagens, notícias. Tudo que fazemos na web, mas de uma forma mais natural.”

O executivo nega que esta concepção tenha relação com a troca de comando no Google, mas reconhece que ambas novidades estão relacionadas com a visão do Google de “como a rede deve ser”. “Tem de ser rápida, tem de refletir o desejo do usuário, tem de refletir as tendências do momento”, diz. Questionado sobre a importância da área social para o Google neste ano, ele afirma: “vai ser um ano agitado”. Para o escritor Nicholas Carr, autor do livro The Shallows (Os Superficiais, sem edição brasileira), em que discute as consequências da internet na mente humana, há um perigo neste novo alinhamento do buscador. “O Google está se distanciando do seu ideal de encontrar o melhor conteúdo da web para mirar outro objetivo: o de fornecer informações adaptadas a preferências pessoais”, disse, em entrevista ao Link por e-mail. “Em alguns casos, isso leva a resultados melhores. Em outros, pode servir para ampliar a visão tendenciosa de uma pessoa. A personalização, seja baseada nas preferências individuais ou de um grupo, pode causar isolamento e polarização a longo prazo, o que pode ter consequências negativas para a sociedade, embora tenha vantagens práticas.”

Novos desafios. Larry Page assumiu o Google no início de abril no lugar de Eric Schmidt, que foi CEO – ou presidente-executivo – por dez anos. Ele comandou o enorme crescimento do Google, quando passou de líder de buscas ao posto de maior empresa de internet do mundo. Só no primeiro trimestre, o faturamento foi de US$ 8,6 bilhões (R$ 13,46 bilhões) – os próximos resultados serão divulgados dia 14.

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Dez anos depois, porém, o buscador sofria as consequências burocráticas de ser uma empresa de 24 mil funcionários, coisa que os fundadores sempre quiseram evitar. Além disso, à medida que o Google expandiu sua área de atuação, ganhou concorrentes líderes em seus setores. O principal deles, segundo o próprio Google, é a Microsoft.

“A mudança de cargo do Larry é muito mais uma melhoria na velocidade em que a empresa trabalha”, afirma Ximenes. “A companhia sempre se viu muito como uma startup. Quando ele assumiu, a proposta era não apenas manter esse espírito, mas também ter uma estrutura de trabalho ágil o suficiente para acompanhar o ritmo das inovações.”

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Faxina geral. A busca por agilidade parece estar dando resultado. Desde que anunciou o Plus há duas semanas, o Google começou a fazer uma grande faxina nos seus produtos. O visual do Plus foi incorporado a outros serviços, a começar pelas páginas do buscador, do Google Calendar e do Gmail. Na semana passada, o site Mashable noticiou que o Google vai mudar os nomes do Blogger e do Picasa para Google Blogs e Google Photos – também como projeto de padronização. No fim de julho, os perfis privados do Google Profiles serão apagados.

A primeira falha do Plus foi corrigida em 48 horas. Ela permitia que um post privado de uma pessoa fosse republicado por um seguidor publicamente. O Google percebeu o erro, apontado por uma reportagem do Financial Times, e incluiu uma opção para impedir que posts privados sejam compartilhados.

O problema é pequeno comparado ao vexame causado por outro produto do Google, o Buzz. Quando foi lançado, o serviço, que era para ser uma espécie de Twitter, transformava os contatos do Gmail – todos aqueles para quem você mandou e-mail – em seguidores, o que expôs a lista de contatos dos usuários.

Uma vez que os EUA iniciaram uma investigação sobre a dominância do Google na internet (leia ao lado), qualquer deslize pode ser grave, principalmente quando se trata de informações pessoais. O ativista Richard Esguerra, representante da Electronic Frontier Foundation, entidade que defende a privacidade na internet, elogia a ferramenta que permite que o usuário escolha com quais pessoas quer compartilhar na rede. Ele afirma que regulações e governos têm de tomar cuidado para não inibir inovações como essa. “Com ou sem o Plus, o Google já tem um enorme conhecimento sobre os usuários de internet.”

 

—-Leia mais:‘Larry assumiu com o pé amarrado no aceleradorResenha: In the plex – Como o Google virou a maior empresa de internet do mundoLink no papel – 11/07/2011

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