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Inovação e Tecnologia

O Uber é só o começo

Nos EUA já é possível compartilhar o seu carro com outras pessoas, fazer entrega de produtos na vizinhança e emprestar o veículo por tempo determinado para outra pessoa por meio de aplicativos

Por Ligia Aguilhar
Atualização:

Reprodução

 

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Na semana passada, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou uma nova categoria de táxis de luxo na cidade que poderão ser solicitados por aplicativo. A novidade foi a solução encontrada para o impasse com o polêmico aplicativo Uber, que despertou a ira dos taxistas.

O problema parece longe de ter fim já que o Uber informou que não vai aderir às novas regras porque não é uma empresa de táxi e, sim, de tecnologia.

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Há outro ponto em aberto: o Uber é apenas um dos serviços da chamada economia colaborativa, que estimula uma espécie de consumo compartilhado de bens e serviços (confira matéria que publicamos no Link para saber mais sobre o assunto). Esses serviços estão gerando conveniência e trazendo soluções para muitos problemas do dia a dia, mas ao mesmo tempo estão criando uma espécie de "pejotização" no mercado de trabalho e deixando empresas tradicionais que não investiram em inovação nos seus negócios de cabelo em pé.

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A solução, portanto, não está em regulamentar só especificamente o Uber, mas em pensar como vamos incorporar todos esses novos negócios na nossa economia.

Quer exemplos do que vem por aí?

A Amazon lançou recentemente aqui nos EUA o serviço Amazon Flex e paga de US$ 18 a US$ 25 por hora para quem se dispor a usar seu carro e smartphone por algumas horas todos os dias para entregar produtos da empresa. No futuro, a Amazon diz que permitirá ainda entregas com bicicletas e a pé.

A companhia de Jeff Bezos vende a novidade como uma forma de ajudar seus clientes a ganhar um dinheiro extra. Na prática, teremos também um contingente de pessoas prestando serviços para a empresa sem que a Amazon tenha que arcar com encargos trabalhistas. Para eles, a Amazon garante um seguro contra acidentes que possam acontecer enquanto a pessoa está fazendo uma entrega. O serviço substitui não só as transportadoras, mas também os correios.

Outro serviço do tipo por aqui é o Postmates, por meio do qual você pode solicitar a entrega de comida de restaurantes e itens das farmácias na sua casa. Quem faz a entrega são pessoas como eu e você, que andam pela cidade com o aplicativo do serviço e se dispõem a fazer a entrega de carro ou bicicleta em troca de ganhar uma graninha extra (cerca de US$ 25 por hora). As regras para os prestadores de serviços também são parecidas com as da Amazon e tem até motorista do Uber que faz entregas esporádicas por meio do Postmates.

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Essa semana, a francesa BlaBlaCar anunciou que prentende lançar seu serviço no Brasil. O app da companhia permite que pessoas ofereçam carona no seu carro para outros passageiros em viagens de uma cidade para outra. Horários e preços são combinados entre as partes. Essa rede alternativa pode incomodar as empresas de ônibus que oferecem linhas entre as cidades.

Se não quiser olhar tão longe, já existem várias startups no Brasil criando negócios de olho na economia compartilhada (saiba mais aqui e aqui). E esses são só exemplos de negócios da economia compartilhada na área de entrega e transportes. Há ainda negócios em vários outros setores, como o Airbnb e derivados, que trabalham com hospedagem e turismo.

Márcio Fernandes/Estadão

 

Para garantir a segurança dos clientes e a qualidade do serviço prestado, todas essas companhias costumam fazer uma análise dos antecedentes criminais dos prestadores de serviços e um curto treinamento antes de autorizá-los a usar o app. Os consumidores também podem avaliar a qualidade do serviço prestado, para garantir que o prestador de serviço que se comportar mal seja eliminado do sistema rapidamente.

A flexibilidade das leis americanas permite esse tipo de relação entre empresas e pessoa física com mais facilidade do que o Brasil. Cairia bem para o nosso país flexibilizar algumas leis para facilitar principalmente a vida das startups e empresas altamente inovadoras e ampliar, ao mesmo tempo, o poder de escolha dos empregados.

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Por outro lado, esses negócios trazem soluções que facilitam a vida das empresas, trazem conveniência para o consumidor, mas criam uma geração de profissionais autônomos que precisam sozinhos arcar com os custos de saúde, alimentação e de um eventual acidente de trabalho (eles não são funcionários, lembram?). Como vamos lidar com essa realidade e uma nova lógica que pode se impôr a profissionais de muitas áreas em pouco tempo? Sem contar, claro, os trabalhadores tradicionais, como os taxistas, que são afetados por esses negócios e invariavelmente se revoltam contra esses serviços.

O Uber é só a ponta do iceberg. Não adianta as cidades baterem de frente ou pensarem em soluções customizadas para a empresa. Outros "Ubers" virão pela frente mostrando que o necessário é uma discussão mais ampla sobre como vamos lidar com essas novas tecnologias e seus funcionários sem bloquear a inovação.

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