Hoje em dia, o manifesto do PSB tem a mesma importância que os manifestos do PT ou do PSDB. Ou seja, praticamente nenhuma. O do PSDB, por exemplo, lançado em junho de 1988, falava na adoção do parlamentarismo como sistema de governo. O do PT, de 1980, atacava o "sistema capitalista".
Dos três manifestos de fundação, aliás, o do PSB é o mais antigo, e o que menos deve ser lido ao pé da letra. Com quase 70 anos, seria mal intencionado imaginá-lo como um bom parâmetro para traçar prognósticos do modo do PSB governar o País em caso de vitória. Para isso, o melhor é analisar as principais administrações do partido, que também guardam nuances regionais e não necessariamente seguem uma cartilha única. A Prefeitura de Belo Horizonte, governada por Marcio Lacerda, ou o governo de Eduardo Campos em Pernambuco estão a anos luz de distância do modelo socialista pregado pelo manifesto.
O documento tampouco serve para mostrar como pensam suas principais lideranças. O PSB tornou-se uma espécie de PMDB, com um verniz um pouco mais à esquerda. Alia-se tanto ao PT quanto ao PSDB, passando pelo PR e PP, a depender do gosto do freguês.
Os que atacam Eduardo Campos teriam mais munição focando no presente e mostrando a "peemedebização" do PSB do que escarafunchando velhos manifestos para semear o medo de possíveis arroubos marxistas-leninistas.
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Campos anunciou que o PSB fará alterações no estatuto. O manifesto, porém, deve ser entendido pelo o que é: um documento histórico.