O slogan "O Brasil não quer voltar atrás", usado no filme, é velho e mira o passado. Em nada lembra a campanha de Dilma de 2010, quando o PT usou um slogan solar, o "Para o Brasil Seguir Mudando". Apontava para frente. Agora, Santana mostra o retrovisor.
A propaganda escancara a estratégia de Dilma dessa eleição: colar em Aécio Neves (PSDB), em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deixou o Palácio do Planalto com baixa aprovação. "Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo que conseguimos. O nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas", diz o locutor. Essa última frase também serve para falar do presidenciável do PSB, Eduardo Campos.
Quem diria que Santana usaria o medo para tentar convencer o eleitor. O PT foi vítima dessa mesma política em 2002, quando o PSDB, de José Serra, colocou no ar a atriz Regina Duarte falando que tinha medo de uma eventual vitória de Lula.
Tudo bem que o partido tem que dar alguma resposta. Não dá para ficar impassível diante do crescimento do adversário. Mas o filme não lembra as recentes produções de João Santana. É pesado, de mau gosto, com uma fotografia soturna e uma locução lúgubre. Tem até criancinha chorando. Isso sem contar em detalhes técnicos, como a maquiagem dos atores, que salta aos olhos do espectador.
Na quinta-feira, o PT vem com o seu programa nacional de dez minutos. O filme de hoje mostra que, em alguma medida, a campanha de Dilma insistirá no discurso da volta ao passado. O PT espera que a veiculação da propaganda, aliada a outras ações, como o pronunciamento de Dilma em cadeia nacional para falar do 1º de Maio, ajudem a estancar a tendência de queda nas pesquisas.