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Economistas avaliam relação do governo com mercado

Reportagem publicada hoje pelo Estado mostra como o mercado financeiro analisa a gestão de Dilma Rousseff e a sucessão presidencial de 2014. Abaixo, dois economistas falam sobre a relação do setor com a presidente e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Por Julia Duailibi
Atualização:

 

Ricardo Carneiro, diretor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) 

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Como o sr. avalia que a relação do governo Lula com o mercado?

Creio que o essencial foi o compromisso em respeitar os contratos e o repúdio às teses de não pagamento ou renegociação com deságio das dívidas externa e interna. No que tange à política macroeconômica o seu comprometimento com a baixa inflação e o equilíbrio das contas públicas também foi importante. Não deixaria de lado os instrumentos que foram progressivamente aperfeiçoados para acelerar o crescimento tendo o setor privado como ator principal.

Investidores, banqueiros e operadores do mercado mantém hoje uma relação mais crítica com Dilma.

Não creio nisso. Acho que a presidenta fez mudanças importantes na economia, todas elas, aliás, reclamadas por amplos segmentos empresariais - redução dos juros, estabilização cambial, redução do custo da energia, desoneração da folha de pagamentos, investimento em infraestrutura em parceria com o setor privado, etc. Como em qualquer mudança há sempre interesses contrariados, mas creio que eles são minoritários.

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Formuladores das políticas econômicas do País devem manter relação próxima com os operadores do mercado?

É importante que o governo ouça os empresários, aliás, tem feito isto por meio do Banco Central e dos vários Ministérios. Mas o governo tem também que ouvir os demais segmentos da sociedade e não pode tomar decisões com base nos interesse imediatos de nenhum desses grupos. Suas ações têm que visar os interesses maiores do país e da sociedade.

 

Luiz Carlos Bresser Pereira, economista e professor da FGV-SP

Por que o mercado é crítico à gestão Dilma?

O mercado ficou viciado em taxas de juros muito elevadas. Desde o plano real até há uns oito anos atrás, a taxa real de juros era superior a 10%. Essa taxa de juros neste últimos tempos, um pouco já no final do governo Lula e outro tanto no governo Dilma, caiu para 2,5% em termos reais, e isso não é agradável. O mercado tem que hostilizar quem está defendendo uma posição dessas, e hostiliza. Jamais vão usar o argumento de que querem juros. Eles dizem que querem desenvolvimento e distribuição de renda e a felicidade geral da nação.

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A relação com Lula era melhor?

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Lula governou num período de vacas gordas. Havia aumento enorme do preço das commodities que permita com que ele fizesse um crescimento com distribuição de renda. E somado a isso ele herdou uma taxa de câmbio muito apreciada, que em reais de hoje equivale a seis reais por dólar, quando você recebe uma economia de 6 reais por dólar, é uma beleza, porque você pode apreciá-la. E a medida que a moeda vai se apreciando você aumenta salários e combate a inflação. Então esses dois fatores, a possibilidade de apreciar o câmbio e o aumento das commodities, criou uma situação de felicidade geral, então ficava difícil hostilizar o Lula.

Por que o mercado vê Aécio com maior simpatia?

Eles já estão querendo eleger o Aécio, porque o PSDB é o partido de centro direita comprometido com os interesses do mercado financeiro. O que eles querem são os juros, o que eles querem é o Aécio. Eles sabem quem são os economistas que assessoram o Aécio, portanto eles sabem o que vem.

 

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