A inflação ainda não definiu o rumo

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Por Redação
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Quem quiser pode, desde já, roer as unhas e puxar os cabelos. Mas eu ainda vou esperar um pouco mais antes de concluir que a inflação está em escalada sustentada, sancionando um aquecimento anormal da economia.

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O IPCA de fevereiro bateu em 0,78% e, com isso, o índice usado nas metas de inflação acumulou 1,54% no primeiro bimestre de 2010. É a maior variação para um primeiro bimestre desde 2003.

Beleza. Mas o que puxou o índice? Bem, o grupo "educação", sozinho, foi responsável por cerca de 40% do resultado. Sem os gastos típicos do começo do ano escolar, o IPCA de fevereiro teria ficado na calmaria de 0,46%.

No bimestre, além do grupo "educação", os grupos "transportes" e "alimentos" também puxaram o índice. Em São Paulo, o IPCA, que é calculado nas seis regiões metropolitanas, também foi afetado pelo forte aumento no IPTU, determinado no começo do ano pela Prefeitura da capital, que puxou o grupo "habitação". De acordo com a medição do IPC-Fipe, só o IPTU contribuiu com um terço de todo a alta de 0,74% (sem o IPTU, o índice teria ficado em 0,51%).

Já se verificou, agora em fevereiro, uma tendência de acomodação nos itens "transportes" e "alimentos" - um foi afetado por aumentos de tarifas nas grandes cidades em janeiro e o outro pelas chuvas do começo do ano.

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O resumo dessa pequena história é que os índices de preços, sim, mostraram altas em janeiro e fevereiro, mas as razões, até aqui, não são estruturais. O impacto, ao contrário, veio, em grande medida, de aumentos fortes, só que pontuais e únicos.

Melhor esperar por março para formar uma idéia melhor do que a inflação promete em 2010.

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