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Opinião|O que aconteceu hoje dentro do Teatro Municipal

Antes do início da récita da ópera "The Rake`s Progress", de Igor Stravinski, a manifestação pacífica ocupava as escadarias do Teatro Municipal e o Viaduto do Chá, nas imediações da Prefeitura. A entrada para o epetáculo, que começaria às 20 horas, foi feita por uma porta lateral. O púbico que chegava ao teatro e se misturava aos manifestantes de maneira pacífica, tirava fotos, observava e não tinha dificuldade para entrar no prédio. A ópera começou com cerca de quinze minutos de atraso e transcorreu sem incidentes, com pouco público - cerca de 300 pessoas, segundo a direção do Municipal.

Foto do author João Luiz Sampaio
Atualização:

Por volta de 21h30, terminou o primeiro ato da apresentação. O público deixou a sala de espetáculo em direção ao hall do teatro. As portas estavam fechadas e, do lado de fora, era possível ver fogueiras na rua Xavier de Toledo e um grupo pequeno de pessoas com o rosto coberto por camisetas. A segurança do teatro, apreensiva, pediu ao público que não ficasse perto das portas e janelas e voltasse para a sala de espetáculo. As luzes do hall foram apagadas. Um grupo que tentou ir embora durante o intervalo foi conduzido para uma porta lateral mas, do lado de fora, a correria e a fumaça (não é possível saber, de onde estávamos, pelo que foi causada) fizeram com que os seguranças voltassem a fechar as portas e orientassem as pessoas a não deixar o teatro naquele momento.

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Uma funcionária do teatro reuniu o público e disse que não havia nenhum perigo iminente e que o pedido para que as pessoas se afastassem das portas era apenas uma precaução. O clima era de perplexidade, mais do que de tensão. Ela então informou a todos que, se fosse necessário, na saída do espetáculo, medidas seriam tomadas para garantir a segurança das pessoas. Antes do reinício do espetáculo, o maestro Jamil Maluf subiu ao palco e tranquilizou a plateia. Disse que o presidente da Fundação Teatro Municipal já estava a caminho do prédio e que, se fosse necessário, um cordão de isolamento seria montado para garantir a segurança da plateia durante a saída do espetáculo.

Cerca de uma hora mais tarde, ao fim da apresentação, seguranças orientaram o público a sair pela porta da lateral do teatro. Lá fora, não havia mais manifestações, apenas a triste pichação na fachada e nos vitrais e a presença da Polícia Militar mais adiante, na esquina da Rua Barão de Itapetininga. A saída ocorreu sem incidentes.

Opinião por João Luiz Sampaio

É jornalista e crítico musical, autor de "Ópera à Brasileira", "Antônio Meneses: Arquitetura da Emoção" e "Guiomar Novas do Brasil", entre outros livros; foi editor - assistente dos suplementos "Cultura" e "Sabático" e do "Caderno 2"

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