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PSDB tentará Meirelles até o limite

Está claro, apesar do efeito dispersivo da Copa do Mundo, que  os lances mais estratégicos da atual fase da campanha eleitoral se desenvolvem em São Paulo - menos em torno dos partidos que polarizam a eleição - PT e PSDB - e mais entre os personagens da oposição.

Por João Bosco Rabello
Atualização:

As negociações em torno de uma possível aliança do ex-prefeito Gilberto Kassab e o governador Geraldo Alckmin, se levadas a termo, ampliarão a pressão do PSDB para que o PSD deixe a coligação para a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

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O alvo a ser conquistado é o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nome preferido - e ideal - pelo candidato tucano Aécio Neves (MG), para vice em sua chapa. Meirelles reúne o gene tucano que foi decisivo no êxito econômico do governo Lula.

Sua presença na chapa não só agrada ao mercado, afastado do governo Dilma, como atrela o sucesso da gestão petista a um perfil econômico buscado nos quadros tucanos - afinal,  Meirelles renunciou a um mandato de deputado federal pelo PSDB, obtido com votação recorde, para atender a um apelo de Lula. Para assumir o BC.

Teve papel decisivo no bom desempenho da economia, funcionando como operador e sentinela da continuidade do Plano Real, nos termos do compromisso assumido por Lula na Carta aos Brasileiros.

Formou com o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, uma dupla de resistência à pressão do PT por mudanças nos fundamentos do Plano Real, inclusive da Chefe da Casa Civil de então, Dilma Rousseff, que os considerou "rudimentares".

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Eleita, Dilma deu sentido prático à sua crítica ao modelo vitorioso, alterando-o e iniciando um processo degenerativo da economia. Foi quando o ex-presidente Lula chegou a propor que trouxesse de volta Meirelles, como forma de resgatar a confiança do mercado e, por extensão, dos investidores.

Trazer Meirelles de volta, significaria para Dilma dar a mão à palmatória e reconhecer erros na condução da política econômica que a ela são atribuídos em razão de seu estilo centralizador. Não há como se responsabilizar isoladamente o ministro da Fazenda, se todos sabem que nem conserto de buraco de rua escapa à exigência de aprovação pela presidente.

A disputa em São Paulo se dá entre PSD e PSB, este com apoio do PSDB. O partido socialista quer o deputado Márcio França como vice de Alckmin, produzindo um up grade na aliança história que mantêm no Estado.

Para fazer valer esse objetivo, o PSB enfrentou o veto à aliança da ex-senadora Marina Silva, materializando o primeiro confronto público entre a Rede e o partido, o que dá a medida do empenho em ser o protagonista principal no cenário paulista.

O PSDB precisa da adesão de Kassab, também no plano nacional, para viabilizar Meirelles como vice na chapa de Aécio Neves. É nisso que investe, usando o prazo máximo para a formalização do vice, na expectativa de ter o melhor cenário.

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Mas, à falta deste, escolherá provavelmente entre o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) e o ex-senador Tasso Jereissati (CE), que voltou a frequentar bons índices de aprovação no seu Estado, somando também para ampliar os votos nordestinos do PSDB e reduzir os de Dilma.

Tasso é também puxado para o campo da batalha eleitoral pelo PMDB, cujo candidato ao governo do Ceará, senador Eunício de Oliveira, lidera as pesquisas, com quase 40% das intenções de voto, mas não consegue o apoio do governador Cid Gomes e do irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, ambos hoje no Pros.

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