Lula dá apoio a Eduardo Braga por telefone

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) estreou no comando da liderança do governo recebendo afagos do ex-presidente Lula, que lhe telefonou hoje pela manhã. Amigos de longa data, Lula lhe desejou "boa sorte", numa demonstração de que a presidente Dilma Rousseff não agiu sozinha na manobra de substituição dos líderes e Braga conta, também, com o apoio do ex-presidente.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

"Foi uma conversa de roucos", brincou Braga. Lula segue quase afônico, por causa do tumor na laringe e da recente pneumonia. Braga assumiu o cargo abalado por uma virose e trabalhou sob efeito de um coquetel de Claritin, Zitromax e vitamina C.

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Mas Braga vai precisar de mais do que sorte para se sair bem na função, que vinha sendo exercida por Romero Jucá há 12 anos. Logo no primeiro dia, sentiu o tamanho do abacaxi que pegou pra descascar. Foi bombardeado com a declaração de que o PR do Senado deixará a base aliada. A baixa representa sete votos a menos na apertada contabilidade do governo.

A surpresa foi ainda maior porque, de manhã, seu maior desafeto - o senador Alfredo Nascimento, que é presidente nacional do PR e ex-ministro dos Transportes - havia cumprimentado Braga e lhe prometido apoio. Nascimento foi à reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia, presidida pelo líder governista, para lhe desejar sucesso na nova função. No entanto, horas mais tarde, o líder da bancada, senador Blairo Maggi (PR-MT), anunciou que o partido deixaria a base de apoio ao governo no Senado, porque o Planalto decidiu não reconduzir o PR ao comando da pasta dos Transportes.

"Tenha a certeza de que, independentemente de nossas rusgas políticas e dos entreveros políticos locais, em nenhum momento o seu desempenho será afetado. Pode contar comigo como seu aliado", disse Nascimento a Braga, pela manhã.

De tão surpreso com o gesto do adversário, Braga até tropeçou na resposta. "Nós temos uma relação de muitos anos. Já fomos muito próximos, já fomos amigos íntimos ...", devolveu.

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"Devagar, senador", advertiu Nascimento, bem humorado.

"Íntimos, porém com limitações!", corrigiu Braga, entrando no clima de descontração. À tarde, viria o baque.

A MP da defesa civil

Outro problema na estreia de Braga veio com a Medida Provisória 547, que criou o sistema nacional de defesa civil e monitoramento de desastres naturais. A MP tranca a pauta e perde a validade na próxima quarta-feira (21). O relator da matéria, Casildo Maldaner (PMDB-SC) - do grupo ligado ao líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), desafeto de Braga - apresentou duas emendas. O problema é que qualquer mudança no texto obrigaria o retorno da matéria à Câmara, levando à extinção da MP.

Era preciso convencer Maldaner a abrir mão das emendas. Foi preciso uma "força-tarefa" - com a participação da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e do ex-líder Romero Jucá - para que o catarinense desistisse das mudanças. A reunião ocorreu nesta tarde, no gabinete da liderança do governo. Ficou acertado que Braga e Maldaner se reunirão com a ministra Gleisi Hoffmann para negociar a inclusão dessas emendas no marco regulatório da defesa civil, em gestação na Casa Civil.

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Na prática, Maldaner será um dos primeiros senadores a experimentar a "ampliação da interlocução" da base com o Planalto, prometida com a troca de Jucá por Braga.

 

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