Entrevista de Palocci ao JN foi ritual de saída

A entrevista do ministro Antonio Palocci ao Jornal Nacional produziu um consenso nos meios políticos: tratou-se de um ritual de saída a autorizar a versão de que o governo já procura um substituto para a Casa Civil.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

A forma e o conteúdo da entrevista cumpriram o objetivo de dissociar os negócios do ministro do governo e do PT.

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Palocci admitiu não ter contado à presidente Dilma Rousseff tudo sobre a sua próspera consultoria, limitando-se a informar que cessara as atividades da empresa antes da posse para evitar conflito de interesses.

Assumiu como decisão pessoal não revelar sequer sua carteira de clientes incluindo fraudulentamente essa informação no rol daquelas protegidas pela cláusula de confidencialidade comercial.

Ao dizer singelamente que "não quis aborrecer a presidente com esse tipo de detalhe", como mencionou à Folha de S.Paulo, livrou Dilma do peso de explicar porque admitiu sua posse se estava informada de seus negócios - um obstáculo concreto à sua demissão.

Isolada dessa razão estratégica, a entrevista não faria qualquer sentido por não esclarecer simplesmente nada que possa afastar a suspeita de tráfico de influência por parte de uma eminência parda de um governo de continuidade.

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Depois da entrevista, o diamante de R$ 20 milhões da metáfora cínica do ex-governador do Rio de Janeiro, deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), continua em exposição, mas a presidente Dilma já está liberada para retirá-lo da vitrine.

E devolver ao governo alguma articulação política.

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