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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Filhos de Porecatu

Por Eder Brito

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Por Redação
Atualização:

"Nós somos de uma cidade bem pequenina, mas progressista. O povo é sem qualquer vaidade, pensando sempre em mais conquistas". Com letra e música do maestro Honório Maestrelli, é assim que começa o hino oficial de Porecatu, composto em 1977 para a cidade do norte paranaense. É lá que nasceu Natan Donadon, uma das figuras mais comentadas e verbalmente surradas da história absolutamente recente da política nacional. Deixou sua marca no imaginário popular e nos registros republicanos brasileiros ao alcançar a (inatingível, espera-se) marca de primeiro deputado em exercício, desde a Constituição de 1988, a ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal.

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A carreira política começou nos anos 1990, em Rondônia, mas Donadon nasceu em Porecatu. Ele não pode, no entanto, reclamar para si o título de primeiro político a ter problemas com a lei em sua terra natal. Conterrâneo de Natan, Walter Tenan foi eleito prefeito da cidade em 2008. Foram 2.901 votos, tudo dentro da mais pura dinâmica eleitoral democrática. Com um detalhe: quando as urnas o apontaram como vencedor naquele domingo, o empresário estava preso há mais de 20 dias, acusado de vender produtos contrabandeados. Mesmo com a campanha prejudicada pelo tempo atrás das grades, celebrou a vitória, ali mesmo, na cela. Saiu graças a um habeas corpus e comemorou a vitória em carreata pela cidade, ainda em outubro daquele ano. Tenan sempre se declarou inocente.

E assim como a prisão não tirou o mandato de Donadon, a carreira política do outro filho de Porecatu também não enfrentou problemas depois dos dias passados na cadeia. Em outubro de 2012, Walter Tenan foi reeleito e hoje exerce o segundo mandato como Prefeito do município. Teve mais problemas, no entanto. Em agosto de 2013, a Câmara de Vereadores aprovou a abertura de uma Comissão Processante para apurar uma denúncia de nepotismo. O artigo 52 da Lei Orgânica de Porecatu escancara: "Nos cargos em comissão, é vedada a nomeação de cônjuge ou parente em linha reta ou colateral até o terceiro grau; respectivamente, do Prefeito, do Vice-Prefeito...". A regra é clara. A realidade porecatuense é um pouquinho mais "turva". A Comissão já encerrou os trabalhos e tudo foi arquivado. Viviane Tenan, esposa de Walter atualmente coordena o Departamento de Serviço Social da Prefeitura, cargo "de confiança", indicação direta do Prefeito. Alex Tenan, suposto primo atualmente é o responsável pelo departamento de serviços públicos.

E as peripécias da história política de Porecatu não param por aí. Em fevereiro de 2013, o ex-vice Prefeito Ademar Barros foi condenado pela justiça a devolver mais de R$ 130 mil aos cofres do município. Segundo o Ministério Público, ele teria utilizado cheques da Prefeitura para pagar reformas em sua casa, no longínquo ano de 1991. Barros negou as acusações até o fim, mas não podia mais entrar com recursos. Teve que pagar. O processo levou 22 anos para ser concluído.

A cidade também voltou indiretamente ao noticiário nacional, na semana passada. Fundador do Solidariedade, partido que acaba de ganhar o registro da Justiça Eleitoral, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, fez carreira em São Paulo, mas também é filho de Porecatu.

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E o hino segue, ressoando a segunda estrofe: "Porecatu, terra querida. Queremos sempre exaltar tua imagem pura. Teus nobres filhos tão destemidos, não deixarão de demonstrar a sua bravura".

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