Nas eleições brasileiras assistimos à primeira mulher ascender ao Poder Executivo em 1928. Elas sequer votavam e o pleito nem era direto. Mas a potiguar Luiza Alzira Soriano Teixeira chegou lá, e o 'The New York Times' diz ter sido a primeira da América Latina - escolhida em Lages, Rio Grande do Norte. O primeiro estado a ter uma mesma mulher escolhida para a capital e para o governo estadual na sequência. Falamos da hoje vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria. Mas o primeiro estado a ser governado por uma mulher foi o Acre, com Iolanda Ferreira Lima, vice que substituiu o titular em 1986. Pouco depois o Maranhão consagraria Roseana Sarney, a primeira efetivamente eleita e reeleita para o posto estadual.
Nas prefeituras, de forma direta, o Brasil perdeu recentemente Aldamira Guedes Fernandes, sua primeira prefeita. Faleceu de parada cardíaca aos 89 anos no Ceará. Em 1958 foi eleita em Quixeramobim, a mesma cidade "vitimada", nos anos 80, pela revista humorística MAD. O personagem central, Alfred E. Newman, de posse de seu "Paraiban Express Card" satirizava a propaganda de um cartão de crédito cujo galã do comercial dizia: "Paris, hoje?" e ao olhar seguro para o dinheiro de plástico sacado da carteira dizia: "ok!" Newman, de um orelhão, perguntava: "Quixeramobim hoje?". E exclamava: "vixi!" Quanta bobagem diante do peso histórico dessa cidade. Em capitais muitas mulheres chegaram lá, mas a primeira foi em Fortaleza: a petista Maria Luiza Fontenele venceu inesperadamente o pleito de 1985, assim como a outra Luiza, em 1988 em São Paulo: a Erundina. Para termos ideia do nosso avanço, Paris precisou chegar a 2014 para ver Anne Hidalgo no poder local.
Diante de um leque expressivo de mulheres e de tantas histórias falta lembrar a política de família búlgara. A primeira eleita diretamente por aqui para a presidência: Dilma Rousseff. A Argentina assistira às Perón, e Sri Lanka experimentou uma mesma primeira-ministra por três vezes. Mas consta que a primeira mesmo, na lógica moderna do conceito presidencial foi Khertek Anchimaa-Toka, na República Tuva, ao sul da Sibéria. Não tente, no entanto, compreender o confuso federalismo russo ou suas repúblicas soviéticas de outrora. O fato é que aproveitando as passagens desse parágrafo pelo leste europeu e a discussão sobre as mulheres, anunciamos algo que merece toda atenção, a despeito de considerações sobre as políticas citadas. Aqui no blog, a partir dessa semana, passa a atuar conosco mais uma representante do leste europeu. Ao menos é o que sugere o sobrenome da jornalista Camila Tuchlinski, jornalista da Rádio Estadão que escreverá aqui às sextas-feiras. Seja bem vinda Camila. Nosso espaço é seu!