Este ano, o foco da a Consumer Electronics Show (CES), realizada durante esta semana em Las Vegas, EUA, é a chamada internet das coisas (ou, na sigla em inglês, IoT, de "internet of things"). Apesar de só estar alcançando os consumidores agora, o conceito vem sendo desenvolvido há bastante tempo.
Há algumas décadas pesquisadores e engenheiros vêm trabalhando em aparelhos e objetos que podem ser acessados através de um computador para que sejam controlados ou monitorados.
No início dos anos 80, cientistas da Carnegie-Mellon conectaram uma máquina de refrigerante a um computador para acompanhar quantas garrafas estavam no equipamento e se estavam geladas.
A ficção científica também sempre apresentou "coisas" inteligentes, que interagem com os seres humanos. O filme Minority Report, de 2002, mostra propagandas customizadas que aparecem para o protagonista - chegam a chamá-lo pelo nome. Tecnologia para criar algo assim não é mais "do futuro", é de agora.
O termo "internet das coisas" foi cunhado pelo britânico Kevin Ashton, cofundador do Auto-ID Center no Massachusetts Institute of Technology (MIT), departamento que trabalhou na criação de padrões para sensores, que, junto com a conectividade Wi-Fi, são elementos básicos de uma "coisa" conectada.
De acordo com a empresa de pesquisas IDC, o mercado global para a internet das coisas, incluindo aparelhos e serviços, deve passar dos US$ 7 trilhões em 2020. Em 2013, ele valia US$ 1,9 trilhões. Em cinco anos, entre 50 e 75 bilhões de dispositivos conectados serão responsáveis por 13 quadrilhões de conexões à internet, produzindo 200 exabytes de dados por ano. O acervo da Biblioteca do Congresso dos EUA totaliza 5 exabytes.
Com a internet das coisas tudo estará conectado entre si: smartphones, geladeiras, alarmes de incêndio, ventiladores, tablets, computadores, portas de garagem, semáforos, sinais de trânsito e muito mais. Para nosso conforto e comodidade, informações detalhadas sobre nossos hábitos serão compiladas a cada dia. Por isso, a evolução dessa tendência deve vir acompanhada de muito debate sobre a segurança desses sistemas diante de invasores e a privacidade do usuário. É uma conversa que só está começando.
Na CES,porém, o que está em exibição são os produtos cujo alvo é o consumidor doméstico. Veja algumas das novidades apresentadas.
Copiloto inteligente
Vários representantes da indústria automotiva estiveram presentes na CES e não faltaram exibições de carros conectados. Entre eles, estava a alemã BMW que apresentou várias soluções de conexão em modelos seus. O automóvel i3, por exemplo, que já tem um sistema de navegação inteligente, passará a emitir avisos sobre trânsito para o celular ou relógio do dono, mesmo quando este estiver longe do carro.Acessando a agenda do usuário, o sistema pode calcular o tempo que levará entre dois compromissos além de avisar quando é hora de sair. Outra novidade da empresa é a inclusão de tablets Samsung nos bancos traseiros que permitem controlar o sistema de entretenimento ou ajustar os bancos do carro sem atrapalhar o motorista.
Samsung aposta todas as fichas
"A internet das coisas tem potencial para transformar nossa sociedade, nossa economia e a forma como vivemos", disse BK Yoon, presidente global da Samsung em um evento da empresa na CES cujo foco era a nova tendência. A Samsung citou os televisores como aparelhos importantes na estratégia atual da empresa de coisas conectadas e apresentou uma nova linha de modelos sofisticados na feira. Em agosto, a Samsung comprou a SmartThings, empresa norte-americana especializada em produtos para a casa conectada como fechaduras e termostatos. A coreana anunciou investimentos de US$ 100 milhões no segmento.
O último que sair não precisa mais apagar a luz
Empresa com tradição de conectar ambientes domésticos através de seus roteadores, a D-Link trouxe para a CES uma série de produtos, indo de câmeras a sistemas de gerenciamento de energia, que prometem ajudar em uma diversidade de tarefas como: ligar e desligar a luz de casa remotamente; monitorar o consumo de eletricidade, mantendo-o dentro de um limite estabelecido; evitar a queima de tomadas quando há sobrecarga. Para administrar as funções, um "smart hub" (imagem acima).
Pequeno irmão
A segurança já é uma das áreas mais promissoras da internet das coisas. A Panasonic mostrou na feira um kit de vigilância simples e prático, que transmite imagens para o smartphone do proprietário. O equipamento também permite que se grave os vídeos em um cartão Micro SD.
De olho na água
Entre muitos sensores conectados da linha WeMo, da Belkin, um em especial iria vender como, hmm, água em São Paulo. Trata-se de um sensor chamado WeMo Water que mapeia o fluxo de água dos vários pontos da casa, como chuveiro e descarga, e consegue medir o consumo de água e detetar vazamentos através de algoritmos. O lançamento do produto deve ser no segundo semestre de 2015.
Fala que eu te escuto
A CES presenciou a chegada dos primeiros produtos desenvolvidos para a plataforma HomeKit, do iOS 8. Um deles é o SmartPlug, uma conexão que permitirá o controle de aparelhos conectados através da assistente de voz Siri. Serão três versões: uma (iSP5) será uma extensão para aparelhos com tomadas de três pinos; outra (iSP6) terá também uma entrada USB e a terceira (iSP7) virá com controle remoto. Com eles, basta falar no iPad ou iPhone para ligar ou desligar os aparelhos ligados ao SmartPlug.
Entrando no clima
A fabricante de termostatos digitais Nest, comprada pelo Google por US$ 3,2 bilhões, anunciou uma porção de parcerias com outras empresas, dando continuidade a sua plataforma "Works with Nest" ("funciona com Nest"). Uma delas é com a Automatic, fabricante de um acessório que monitora funções no carro, e permitirá o controle do termostato de acordo com a distância do carro em relação à casa. Se o motorista estiver chegando em casa, por exemplo, o termostato é acionado para deixar a casa na temperatura ideal. Em climas frios, é uma grande ajuda.
Masterchef
Imagine um fogão onde a parte superior é uma tela de toque. Foi o que a Whirlpool mostrou na CES, em meio a várias ideias inovadoras para a cozinha do futuro. No "cooktop" mostrado, informação contida em um tablet ou smartphone pode ser transmitido para a tela do objeto de cozinha. Ou seja, as receitas agora ficam na cara do cozinheiro, que não precisa mais trazer seus dispositivos para conviver com gordura e vapor.