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De Beirute a Nova York

Uma unidade inteira do Exército deve romper com Assad, diz especialista em inteligência dos EUA

 no twitter @gugachacra

Por gustavochacra
Atualização:

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Uma unidade inteira das forças de segurança Síria pode romper com o regime nas próximas semanas, acelerando um possível colapso do regime de Bashar Assad. A avaliação é do analista do Middle East Institute em Washington Wayne White, ex-diretor de inteligência do Departamento de Estado no Oriente Médio, tendo trabalhado por anos em Damasco, Bagdá e Beirute. Abaixo, leia trechos da entrevista.

 Por quanto tempo o regime de Assad ainda consegue se manter no poder?

White - O regime pensa que pode acabar com o levante da mesma forma que Hafez Assad (pai de Bashar) fez em Hama em 1982. Eu cobri (para o governo dos EUA) aqueles levantes. Ao achar que é a mesma coisa, Assad está cometendo um grave erro. Na época, a Irmandade Muçulmana era pequena e não tinha suporte popular. Os levantes ocorriam em poucas cidades. Agora, quanto mais Assad usa a força, mais violência ele provoca.

Mas ainda assim as forças de segurança levam vantagem.

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White - As deserções estão aumentando e a resistência ficando mais forte. E existe uma forte ameaça de, nas próximas semanas, uma unidade inteira do Exército romper com o regime. Isso provocaria um efeito dominó, com outras unidades também se aliando aos opositores. Mesmo se todas as forças seguirem fiéis a Assad, ele consegue durar no máximo seis meses. Sem elas, sua queda será muito mais rápida.

Se Assad cair, como impedir uma guerra sectária entre alauítas e cristãos (pró-regime) de um lado, e sunitas (oposição), do outro?

White - Desde 1970, existe esta narrativa de alauítas contra sunitas e ela se consolidou, apesar de muitos sunitas apoiarem o regime. Os alauítas cometeram graves crimes e são envolvidos em corrupção. Certamente será um conflito sectário parecido com o do Iraque. Os alauítas pagarão um preço alto depois da queda de Assad, assim como os sunitas, que estavam no poder com Saddam Hussein e eram minoria, foram alvos da maioria xiitas depois da queda do ditador. Mas torço para estar errado.

Um futuro governo em Damasco seria mais próximo dos EUA, uma vez que o governo americano tem apoiado a oposição?

White - Todos na Síria consideram Israel o inimigo mortal do país e os EUA sempre serão relacionados aos israelenses.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacio

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