O líder sírio é realista e sabe ser impossível controlar toda a Síria no futuro. Em vez disso, há algum tempo, o regime decidiu se concentrar em proteger Damasco e manter a ligação via Homs e Hama até o seu bastião na costa Mediterrânea, em Latakia e Tartus, onde a população cristã e alauíta é maior.
Além desta área, Assad ainda pretende voltar a controlar integralmente Aleppo, hoje dividida. Talvez consiga. O problema é que, em Aleppo, o líder sírio não tem a ajuda do Hezbollah - o grupo libanês atua principalmente na fronteira da Síria com o Líbano. Para ajudar suas forças militares, Assad, em Aleppo, conta apenas com milícias cristãs.
O custo para controlar Raqaa seria enorme para Assad. Aliás, este é o principal motivo de seu regime ter atacado mais outros grupos rebeldes do que o ISIS, e não uma estratégia maquiavélica para reduzir a opção do Ocidente no conflito para uma escolha entre ele ou o grupo radical.
Sem dúvida, existe a questão de petróleo. Mas mesmo assim o regime talvez pretenda priorizar as áreas onde tem relativo apoio popular, mais populosas e próximas à faixa de Damasco até a Costa Mediterrânea.
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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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