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De Beirute a Nova York

Por que os iraquianos entoam o nome de Assad no futebol?

Veja meu comentário sobre ARMAMENTOS NOS EUA no Jornal das Dez da Globo News junto com a reportagem da Luciana Franchini na Califórnia

Por gustavochacra
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O New York Times de hoje traz uma ótima reportagem sobre o amistoso entre Iraque e Síria realizado em Bagdá. A matéria mostra como muitos iraquianos torcem pelo regime de Damasco na guerra civil síria, a ponto de entoar o nome de Bashar al Assad nas arquibancadas e carregar fotos e bandeiras com a foto do líder sírio mesmo com a equipe síria jogando contra a seleção iraquiana.

Pode parecer estranho, mas tem uma lógica. O regime de Saddam Hussein, embora secular, era controlado por sunitas. Depois da sua queda, os xiitas, que são majoritários no Iraque, acabaram se fortalecendo e hoje estão no comando do governo de Nouri al Maliki em Bagdá. Seus adversários, ao longo dos últimos dez anos, foram extremistas sunitas radicais, muitas vezes ligados à Al Qaeda. Seu maior aliado, especialmente depois da retirada americana, é o Irã.

A Síria de Assad possui exatamente os mesmos inimigos e o mesmo aliado que o governo de Bagdá. Enfrenta algumas facções da oposição que são literalmente idênticas às milícias anti-governo no Iraque, de viés sunita radical (apesar de haver muitos rebeldes sírios laicos). O Irã, como sabemos, é o principal aliado do regime sírio.

Ao ver um atentado cometido pelos opositores como o de ontem na Universidade de Damasco, os iraquianos imediatamente se identificam com os sírios pró-regime ao lembrar dos ataques terroristas cometidos em Bagdá. Por este motivo, preferem Assad no poder a um novo governo controlado por sunitas que, pela lógica, apoiaria os opositores no Iraque.

Vale ressaltar algumas diferenças entre Iraque e Síria. Os iraquianos são majoritariamente xiitas. Estes estão no comando do país. Há minorias sunitas curdas, aliada do governo, sunitas árabes, normalmente inimigas. Os sírios, por sua vez, são majoritariamente sunitas árabes. Os principais grupos rebeldes são desta religião. O regime, porém, é laico. Nas forças da elite do Exército, há um predomínio da minoria muçulmana alauíta (10% da população), que vem a ser a religião de Assad. Os xiitas são quase inexistentes na Síria, a não ser por áreas próximas à fronteira com o Líbano e somam cerca de 2%.

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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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