Nas áreas científicas, a dificuldade brasileira se deve ao atraso das nossas universidades em relação às americanas. Nossos professores, apesar de todo o conhecimento, não dispõem dos mesmos recursos que um profissional da mesma área em Stanford, Yale ou MIT. Atualmente, é muito difícil um Nobel dessas áreas ficar de fora do eixo Europa-EUA, mas a tendência pode indicar, em breve, mais prêmios para instituições indianas e chinesas. Claro, cientistas brasileiros atuando no exterior possuem condições de receber o Nobel e talvez venha deles o prêmio brasileiro em alguns anos.
Na literatura, fica um pouco mais complicado. Nenhum escritor brasileiro vivo, apesar da enorme quantidade de talentos, possui a expressão internacional necessária. Além disso, a língua portuguesa recebeu há alguns anos o Nobel com o José Saramago.
O Nobel da Paz é o mais polêmico. Algumas figuras controversas já foram premiadas. Não consigo imaginar nenhum brasileiro com condições de ser escolhido atualmente, especialmente pela situação geopolítica do Brasil. Claro, Sergio Vieira de Melo e Chico Mendes foram cogitados, mas estão mortos.
Economistas temos de sobra e alguns dignos de receber o prêmio. Os criadores do Plano Real, que estabilizaram a economia brasileira, como André Lara Rezende, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan, sem falar, um pouco mais tarde, no Armínio Fraga e no Henrique Meirelles, mereceriam o prêmio. Sei que alguns me criticarão por isso, mas o Brasil, até 1994, vivia com uma hiperinflação, atrasado. O plano destes economistas conseguiu nos alçar para o atual cenário onde o Brasil se tornou uma potência econômica. O problema é que o Nobel de Economia é concedido para descobertas na área acadêmica, não na pública.