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De Beirute a Nova York

Depois da vitória doméstica, Obama deve se focar na política externa

Obama venceu a principal batalha de seu mandato com a aprovação da reforma do sistema de saúde. Pode não ter sido perfeita, da forma como ele queria. Mas é uma vitória e seu governo já pode celebrar um dos maiores avanços na política doméstica americana em anos. A partir de agora, o presidente terá tempo de se focar em outros assuntos, especialmente política externa. São cinco os pontos mais importantes para os Estados Unidos

Por gustavochacra
Atualização:

1. Completar a retirada do Iraque. As recentes eleições, com todos os seus problemas, demonstraram que os iraquianos podem se transformar na primeira democracia no mundo árabe. O risco ainda é se transformar em um Líbano, que é democrático, mas enfrenta o problema da divisão sectária

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2. Tentar aprovar uma nova resolução com sanções ao Irã. A não ser que a China vete, os americanos deverão conseguir. Mas Obama quer os votos simbólicos do Brasil e da Turquia. Caso contrário, mesmo sem o veto chinês, as sanções teriam menos força por não contarem com o apoio de duas potências regionais

3. Reconstruir o governo afegão para que as tropas americanas consigam deixar o Afeganistão o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, Obama precisará determinar como lutar contra a Al Qaeda. Não deixa de ser uma aberração tantos recursos direcionados ao Afeganistão, enquanto a rede terrorista hoje é bem mais forte no Yemen

4. Levar adiante de uma vez por todas um acordo entre palestinos e israelenses. Como definiu bem Thomas Friedaman, é um embate entre a ideologia de Salam Fayyad, premiê palestino, e o presidente do Irã, Mahmoud Ahmedinejad. De um lado, o "Fayyadismo" busca o inverso de Arafat, tentando construir as instituições palestinas para ter um Estado viável ao lado de Israel. Do outro, o iraniano vibra com o maior caos na região, que apenas o fortalece

5. E, finalmente, Obama terá que decidir qual será o papel e a relação dos EUA com as novas potências emergentes. Brasil, China, Índia, Turquia e Rússia possuem hoje um peso crescente. Ao mesmo tempo, a força dos países europeus diminuiu. Não será fácil para o presidente americano. Apesar de todos estes emergentes serem aliados americanos, seus líderes discordam de grande parte da política externa dos EUA

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Sigo em Cartagena (Colômbia), de onde escreverei posts nos próximos dias, antes de retornar a Nova York

O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009

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