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De Beirute a Nova York

De Washington a Jerusalém - Se não conseguirem Estado, palestinos podem passar a lutar por cidadania de Israel

Ehud Olmert, quando era premiê de Israel, afirmou que se não fosse criado um Estado palestino rapidamente, em pouco tempo Israel passaria a correr riscos como Estado judaico e democrático. O ministro da Defesa, Ehud Barak, também já deu declarações na mesma linha, defendendo a urgente criação de um Estado palestino.

Por gustavochacra
Atualização:

A equação usada por eles é a mesma citada por uma série de historiadores e cientistas políticos especializados em Oriente Médio, como o israelense Avi Shlaim, professor da Universidade de Oxford, em seu livro "Iron Wall", sobre a história de Israel.

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Basicamente, o sonho sionista era ter um Estado judaico, democrático e em todo o território da Palestina histórica. Porém não é possível ter os três ao mesmo tempo. Para ser judaico e democrático, teria que abdicar dos territórios palestinos para os judeus não se tornarem minoria. Outra opção seria ser judaico e em todo o território, sem conceder direitos aos palestinos, o que transformaria Israel em uma nação não-democrática.

Sobra a terceira opção, defendida por acadêmicos palestinos do passado, como Edward Said, e atuais, como Ali Abunimah e Rashid Khalidi. Basicamente, os palestinos abdicariam do sonho de ter um Estado em troca da cidadania israelense. Segundo levantamento do Centro Palestino de Pesquisa, de Ramallah, a idéia conta com o apoio de 27% dos palestinos.

Este é o maior índice histórico dos que abdicam do Estado em troca da cidadania, apesar de ainda ser bem inferior aos 60% que defendem a declaração unilateral da independência palestina - opção que conta com o apoio do premiê Salam Fayuad - e outros 44% que preferem a retomada da Intifada.

A idéia não é nova e se iniciou mesmo antes da partilha da ONU em 1947. A OLP (Organização para a Libertação da Palestina), de Yasser Arafat, defendia esta saída em sua carta de fundação, mas aceitando apenas a presença dos judeus que vivessem na região antes de 1917.

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O historiador Tony Judt, que morreu há algumas semanas, escreveu artigo com o título "Israel - The ALternative", afirmando que Israel deixaria de ser judaico e democrático em uma década. Este também é o temor da esquerda israelense e de grupos judaicos liberais nos EUA, como a J-Street.

Uma das vantagens da solução de um Estado, que passou também a ser adotada por políticos libertários dos EUA, é que os assentamentos não precisariam ser removidos, Jerusalém seria a capital indivisível de Israel e os dois lados manteriam o direito de retorno dos refugiados - os três temas mais delicados da negociação. Porém Israel não seria mais necessariamente judaico.

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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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