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De Beirute a Nova York

De Washington a Jerusalém - Obama finalmente define sua paz para Israel e palestinos

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
Atualização:

Também podem me escutar na rádio Estadão/ESPN comentando o discurso

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Barack Obama fez história hoje em seu discurso para o mundo árabe. Deixou de lado a cautela e abertamente defendeu um Estado palestino desmilitarizado, usando como base as fronteiras pré-1967, com possíveis trocas de terras. De um lado, Israel teria a sua segurança garantida. De outro, os palestinos poderiam ter um território viável para a criação de seu Estado. O presidente acrescentou que o status final de Jerusalém e a questão dos refugiados devem ser resolvidos através de negociações entre israelenses e palestinos. Estes dois temas são mais complicados e exigirão novas concessões entre os dois lados.

Com este anúncio, Obama se posicionou ao lado de anúncio publicitário da J-Street, uma organização judaica pró-paz, no New York Times, com a assinatura de uma série de lideranças judaicas dos Estados e de Israel, em apoio a um Estado de Palestino com base nas fronteiras de 1967. E, obviamente, ficou contra artigo de membro do Likud, partido de Benjamin Netanyahu, no mesmo jornal indicando que Israel deveria anexar a Cisjordânia sem conceder cidadania aos palestinos.

Outro objetivo de Obama foi frear as iniciativas palestinas para criar um Estado através das da Assembléia Geral das Nações Unidas em setembro, alertando que isso não trará paz e visa apenas tirar a legitimidade de Israel. O presidente, ao mesmo tempo, criticou Israel por manter a política de expandir os assentamentos.

Será difícil para Netanyahu dizer que não aceita esta proposta. Como expandir os assentamentos depois disso? Por outro lado, acredito que os palestinos ficarão reticentes com um Estado desmilitarizado. Mas, convenhamos, nunca um Exército palestino seria suficiente para lutar contra os seus vizinhos. Por que não investir, como já vem ocorrendo, em uma polícia bem treinada? A Costa Rica, em uma zona tão violenta contra o Oriente Médio, sobrevive, sem forças armadas, melhor do que seus vizinhos. Os palestinos podem ter um Estado sem Exército ou não ter um Estado. Esta é a opção clara. Peguem a primeira opção. Tenham uma nação. Realizem um sonho. Sejam como a Costa Rica.

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O apoio ao avanço da democracia e à modernização econômica também estiveram presentes no discurso, com Obama anunciando ajudas financeiras para o Egito e a Tunísia em uma espécie de plano Marshall para a região. Os dois países já estão em um processo de transição e o presidente também alertou para a necessidade de respeitar os direitos das minorias religiosas. Talvez, porém, não sejam suficientes para conter as marchas de refugiados palestinos para as fronteiras de Israel que se repetirão nas próximas semanas,

A Líbia e a Síria foram duramente criticadas por Obama. O líder sírio, Basharl al Assad, que foi alvo de sanções, recebeu a opção de escolher entre comandar uma transição para a democracia ou deixar o poder. O presidente pela primeira vez condenou a repressão em Bahrein, pedindo o diálogo entre as duas partes. Abdullah Saleh, do Yemen, também foi alvo de condenações.

Faltou, no discurso, mencionar a Arábia Saudita. Esta nação não respeita os direitos humanos, ao impedir as mulheres até mesmo de dirigir. A monarquia saudita não concede nenhum direito democrático aos seus habitantes e reprime minorias religiosas. Entre muitos jovens árabes, no fundo, o país mais odiado do mundo não é Israel, Irã ou EUA. Eles não se conformam esta nação medieval que leva o nome de uma família. Sei que os sauditas são aliados e não há levantes pró-democracia. Mas, pelo menos na questão das mulheres, Obama poderia ter falado algo.

obs. E o Líbano, quem diria, ficou de fora do discurso

Leiam os blogs da Adriana Carranca, no Afeganistão, do Ariel Palacios, em Buenos Aires, do historiador de política internacional Marcos Guterman, em São Paulo, daClaudia Trevisan, em Pequim, e o Radar Global, o blog da editoria de Internacional do portal estadão.com.br e do jornal O Estado de S.Paulo"

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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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