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De Beirute a Nova York

De NY a Paris - O que é pior, mostrar um suspeito algemado ou divulgar nome da vítima?

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
Atualização:

Os Estados Unidos exibiram as imagens de Dominique Strauss-Khan algemado. O diretor do FMI, por enquanto, não foi julgado e muito menos condenado. É apenas suspeito de ter atacado sexualmente uma camareira em um hotel da região do Times Square.

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A França criticou duramente a polícia de Nova York pelo o que eles chamam aqui de "Perp Walk". Em Paris, este desfile de um suspeito algemado é proibido. Já a imprensa francesa, que também criticou a exibição de Strauss-Khan, publicou o nome da possível vítima de estupro. Esta imigrante de Guiné, viúva e com uma filha adolescente, foi exposta publicamente.

Não sei qual dos dois casos seria mais grave. Deixo a resposta com os leitores. Muita coisa ainda precisa ser explicada. Evidências devem aparecer dos vídeos do hotel, do histórico da chave digital, de possíveis traços da camareira no corpo do diretor do FMI. O NY Post publicou reportagem dizendo que a defesa argumentará que ocorreu sexo, mas teria sido consensual.

Segundo o promotor John McConnell, a camareira avisou que entraria no quarto e deixou a porta aberta, como é padrão em hotéis. "Ele trancou a porta e impediu a camareira de fugir", disse, sem citar o nome da funcionária do hotel.

"Ele colocou as mãos em seus seios sem permissão, tentou remover sua meia-calça e enfiou a mão na região vaginal da vítima. O pênis dele também entrou em contato com a boca da vítima duas vezes através  do uso da força", acrescentou. Os ataques teriam ocorrido tanto no quarto como no banheiro da suíte. Em seguida, Strauss-Khan teria saído correndo do hotel e ido para o aeroporto, de acordo com a acusação.

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O advogado de defesa lamentou a decisão da juíza. Segundo ele, o próprio Strauss-Khan ligou para o hotel para avisar que havia esquecido o telefone, indicando, de acordo com Brafman, que não havia intenção de fugir - graças a este telefonema, a polícia o localizou dentro do avião da Air France que decolaria para Paris. Sua passagem também estava marcada há dias, sem nenhuma alteração de última hora, disse seu advogado. Para completar, no momento do ataque, afirmou Brafman, o diretor do FMI estaria almoçando em um restaurante da área e a pessoa que o acompanhava irá depor.

Também existe, na Justiça americana, um temor de que Strauss-Khan fuja  para a França, um país que não extradita seus cidadãos. "É exatamente o mesmo caso de Roman Polanski", disse o promotor Daniel Alonzo, se referindo ao diretor de cinema francês que escapou para a Europa há mais de 30 anos durante processo de pedofilia.

A prisão de Rikers Island é uma das mais célebres de Nova York. Strauss-Khan está em uma ala isolada, reservada para prisioneiros com doenças contagiosas ou pessoas que necessitam de proteção. Sua cela tem três por quatro metros e o diretor do FMI não precisa dividir com nenhum outro prisioneiro.

Ao longo dos dias em permanecer na cadeia, Strauss-Khan terá direito a um banho de sol diário e poderá ver TV. O despertar ocorre às 6h. O café da manhã teve frutas, torradas e café com leite. No almoço de ontem, foi servido arroz, ervilhas, cenoura e chili. O jantar teria picadinho, macarrão, pão fruta e suco. Segundo a defesa, ele está bem e sua mulher já desembarcou em Nova York, vindo de França, onde Strauss-Khan, até o escândalo do fim de semana, era favorito para vencer as eleições presidenciais do ano que vem, concorrendo como opositor de Nicolas Sarkozy.

Leiam os blogs da Adriana Carranca, no Afeganistão, do Ariel Palacios, em Buenos Aires, do historiador de política internacional Marcos Guterman, em São Paulo, daClaudia Trevisan, em Pequim, e o Radar Global, o blog da editoria de Internacional do portal estadão.com.br e do jornal O Estado de S.Paulo"

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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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