Antes de prosseguir, primeiro, temos de entender que os curdos se espalham por quatro países - Turquia, Síria, Iraque e Irã. E o governo turco tem uma relação distinta com cada um deles.
Curdos na Turquia
O governo de Recep Tayyp Erdogan ampliou os direitos dos curdos na Turquia, permitindo que eles possam ter publicações na língua curda e este idioma também passou ser ensinado nas escolas de áreas curdas do país. Mas o PKK, principal organização curda, ainda é visto como um grupo terrorista responsável pela morte de milhares de pessoas e seu líder Abdullah Ocalan está preso em uma ilha no Mar de Marmara
Curdos no Irã
Para a Turquia, este é um problema do Irã, não deles
Curdos do Iraque
A Turquia mantém boas relações com a região autônoma do Curdistão
Curdos da Síria
A Turquia os vê como adversários. A principal organização dos curdos sírios é PYD, aliado do PKK. Além disso, o governo de Erdogan os acusa de serem aliados de Assad - na verdade, o líder sírio concedeu maior autonomia a eles depois do início da guerra civil
Dá para dizer que os curdos do Iraque seriam, para a Turquia, o equivalente dos palestinos da Cisjordânia para Israel. Os curdos do Irã seriam para a Turquia o equivalente dos palestinos da Jordânia para Israel. Os habitantes civis curdos da Turquia e da Síria não seriam um problema para os turcos, assim como os civis palestinos de Gaza não são um problema para Israel. Aliás, os cidadãos curdos da Turquia seriam o equivalente dos árabes cidadãos de Israel.
Mas o PKK e o PYD são para a Turquia e o que o Hamas e o Jihad Islâmico são para Israel, como escrevi acima - grupos terroristas, embora os curdos não os enxerguem desta forma. Para eles, são organizações que lutam pelos curdos contra a repressão da Turquia. Portanto, como escrevi no passado, os curdos, para a Turquia, são considerados uma ameaça maior do que o ISIS, também conhecido como ISIL, Grupo Estado Islâmico e Daesh.
A afirmação do chanceler turco hoje de que pode facilitar a passagem dos Pesh Merga é uma minúscula concessão às pressões dos EUA. Se a Turquia quisesse, derrotaria o ISIS em poucos dias ou semanas na região de Kobani. Mas optou por não fazer nada.
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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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