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De Beirute a Nova York

Ao contrário de Obama, Romney conhece a Síria

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Por gustavochacra
Atualização:

no twitter @gugachacra

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No Brasil, o Partido Republicano dos Estados Unidos costuma ser visto como o demônio. Já o presidente Barack Obama, do Partido Democrata, é idolatrado apesar de não dar a menor bola para os brasileiros e a América Latina.

Verdade, os republicanos realmente radicalizaram o discurso nos últimos anos. Entre os quatro pré-candidatos, dois são abertamente preconceituosos contra os muçulmanos e não entendem absolutamente nada de política externa. Newt Gingrich nega a existência dos palestinos (isso mesmo, de milhões de pessoas) e Rick Santorum defendeu que Israel anexe toda a Cisjordânia (obviamente, foi criticado até pelos mais direitistas israelenses).

Outros dois pré-candidatos são sérios e representam os tradicionais valores do partido. Ron Paul tem uma política externa isolacionista que leva em conta a Constituição dos EUA, valores morais e a economia. Basicamente, um presidente apenas pode iniciar uma guerra com autorização do Congresso; é preciso ver os riscos de um inimigo (ele avalia que dá para conter um Irã com três armas nucleares, já que conseguiram conviver com as milhares soviéticas); e, por último, o governo americano não tem dinheiro para se envolver em novos conflitos.

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Mitt Romney, por sua vez, adota uma linha mais realista, estilo George Bush (o pai), e foi o primeiro político dos EUA e talvez do mundo a alertar para a grande questão da Síria - os alauítas. Ninguém liga para esta vertente do islamismo no Ocidente, apesar de eles serem os mais liberais seguidores do islã, sendo classificados como ateus por alguns sunitas.

De acordo com o republicano, é preciso deixar claro aos opositores que Bashar Assad não representa os alauítas (e os cristãos) e, ao mesmo tempo, convencer os seguidores desta religião de que eles não serão alvo de genocídio depois da queda do atual regime sírio.

 

Não é uma tarefa fácil, já que a maior parte das forças de Damasco realmente é alauíta e cristã. Mesmo assim, finalmente um político americano demonstrou que a saída para crise síria está em tentar evitar um agravamento das tensões sectárias. Romney sabe que a Síria tem tudo para virar o Líbano dos anos 1980 ou Iraque atual, e não uma democracia como a Suécia. Já o Obama parece seguir as ordens da Arábia Saudita, onde mulheres não podem dirigir e tampouco andar sozinhas.

Obs. Deprimente os ataques pessoais, anti-semitas e islamofóbicos de alguns leitores nos últimos dois posts

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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