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De Beirute a Nova York

Abbas ataca Israel enquanto Netanyahu alveja o Irã

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursaram hoje na Assembleia Geral das Nações Unidas. Abaixo, algumas observações sobre os discursos.

Por gustavochacra
Atualização:

Netanyahu priorizou a questão iraniana. A grande mensagem de seu discurso é a de que existe um limite para o enriquecimento de urânio pelo Irã. Quando este alcançar 90%, uma ação militar seria necessária. Embora o premiê não tenha falado, indiretamente ele indicou que seria importante agir em conjunto com os Estados Unidos. Isto é, foi um recado para Barack Obama, lembrando que os dois líderes não possuem a menor química.

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Se alguém é contra a bomba atômica iraniana, deve concordar com Netanyahu. Afinal, a diplomacia e as sanções fracassaram em impedir o regime de Teerã em seguir com o seu programa nuclear. Outros podem entender que não existe problema em o Irã ter um arsenal nuclear pois a mutua destruição assegurada garantiria a estabilidade como na Guerra Fria ou, mais recentemente, no conflito entre Índia e Paquistão. Neste caso, sanções e diplomacia também são irrelevantes.

Abbas, por sua vez, acha que já foi ultrapassada a red line, ou limite da paciência dos palestinos. Desta vez, ele buscará o reconhecimento da Palestina como Estado Não-Membro das Nações Unidas. É diferente do ano passado, quando seu objetivo era o de ser um Estado pleno.

A mudança ocorreu por motivos práticos. Para ser reconhecido como Estado Pleno, era preciso da aprovação do Conselho de Segurança da ONU, onde os EUA deixaram claro que usariam o poder de veto. Já para ser Estado Não Membro, basta uma aprovação da Assembleia Geral das Nações Unida, onde os palestinos têm garantido o número suficiente de votos.

Por último, notável os EUA colocarem o segundo escalão diplomático para assistir aos discursos. Nem mesmo a embaixadora Susan Rice estava presente. Não é a toa que nos anos Obama palestinos e israelenses nunca estiveram tão longe da paz desde Oslo. E, mais importante, deixa claro porque o presidente americano consegue ser impopular tanto em Tel Aviv como em Ramallah, assim como nos dois lados de Jerusalém.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. Também é comentarista do programa Em Pauta, na Globo News. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

no twitter @gugachacra

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